Ukiyo-e | Conheça a fascinante arte japonesa do período Edo

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Cores vivas e composições assimétricas, linhas claras e sinuosas, representações de momentos simples do cotidiano, pequenos intervalos de prazer, a natureza ou mesmo retratos de celebridades: esses são alguns elementos das gravuras ukiyo-e arte japonesa no período Edo.

Entre 1600 e 1860, a cultura popular floresceu no Japão, e com ela, a arte do ukiyo-e – os “retratos do mundo flutuante”.

Ukiyo-e A Grande Onda de Kanagawa, Gravura de Katsushika Hokusai, c.1830
A Grande Onda de Kanagawa, Gravura de Katsushika Hokusai, c.1830

O ukiyo-e

ukiyo-e reflete o ensinamento budista de que tudo é ilusão e, no período Edo, o termo passou a expressar a busca pelo prazer fugaz. 

Naquela sociedade altamente estratificada, os comerciantes estavam condenados a pertencer à classe mais baixa, mas a ascensão dos centros urbanos prósperos permitiu que tivessem liberdade financeira para desfrutar do prazer.

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Na verdade, as pessoas da época bem que mereceram esses prazeres.

Entre o final do século XVI e início do século XVII, o Japão passava por um período de intensa turbulência e conflitos internos, e em 1600 a Batalha de Sekigahara, a “divisão do reino”, finalmente levou os xóguns Tokugawa ao poder e depois disso, o Japão teve um longo período de paz.

ukiyo-e Vista dos bordos de Takao, por Kanō Hideyori, século XVI
Vista dos bordos de Takao, por Kanō Hideyori, século XVI

A popularização da arte no período Edo – Ukiyo-e

Gueixas, cortesãs, dramas do teatro kabuki, entre outros aspectos da vida cotidiana serviram de inspiração para os artistas do ukiyo-e em Edo (atual Tóquio).

A técnica ajudou: desde o século VIII, os textos budistas já usavam a xilogravura. Foi a partir do século XVI que outras obras também começaram a ser impressas.

O baixo custo das impressões fez com que a arte do período Edo deixasse de ser uma prerrogativa da elite. Assim, o povo mais simples também podia ter acesso a essas obras.

O cuidado com as cores também foi considerado pelos artistas Ukiyo-e , afinal, isso era importante para tornar as estampas mais atraentes como mercadoria.

ukiyo-e O Biombo de Hikone, autor desconhecido, 1624

O Biombo de Hikone, autor desconhecido, 1624

Jardim japonês – espaço de serenidade e contemplação

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ukiyo-e – obras assinadas pelos artistas

Desde o início, a maioria das estampas já eram coloridas à mão com alguns tons de cores, mas é só a partir de 1740 que surgem as benizuri-e, gravuras policromáticas, com impressão em vermelho e áreas rosadas e verdes.

As cores eram produzidas a partir de tintas vegetais adicionadas aos contornos pretos.

As primeiras ilustrações do período Edo eram anônimas.

Entretanto, por volta de 1670, o artista Hishikawa Moronobu (1618-1694) ficou tão famoso que passou a assinar as suas obras. Ele também foi um dos pioneiros na arte de shunga (figuras de primavera), um tipo de ilustrações eróticas bem comum entre os artistas de ukiyo-e.

Aproveitando a brisa fresca da noite na ponte e sob a ponte – Kitagawa Utamaro

Aproveitando a brisa fresca da noite na ponte e sob a ponte – Kitagawa Utamaro

Artistas ukiyo-e

Hishikawa Moronobu

(1618-1694) foi um dos artistas que contribuiu com a popularização do ukiyo-e pois passou a publicar as imagens em impressões independentes de texto (muitas obras estavam ligadas aos livros de mais variados assuntos).

Isso fez com que as estampas caíssem ainda mais no gosto do público.

ukiyo-e Hishikawa Moronobu , Two Lovers, ca. 1675–80.

Hishikawa Moronobu , Two Lovers, ca. 1675–80.

Torii Kiyonobu

1664-1729), filho do pintor e ator kabuki Torii Kiyomoto, foi bastante influenciado pela arte de Moronobu.

Em um de seus trabalhos, ele representa atores representando uma um drama kabuki. Esses atores foram elevados à condição de celebridades em Edo e portanto, eram retratados com frequência.

Retrato dos atores Yamanaka Heikuro e Ichikawa Danjuro, Torii Kiyonobu, 1714
Retrato dos atores Yamanaka Heikuro e Ichikawa Danjuro, Torii Kiyonobu, 1714

Kitagawa Utamaro

(1753-1806) é um dos mais conhecidos artistas do ukiyo-e, especialmente por sua obra A Grande Onda de Kanagawa, que você pode ver no começo desse artigo.

Esse artista, em particular, teve sua obra bastante difundida na Europa, notadamente a França, e influenciou muito os impressionistas.

ukiyo-e Episódio da luta entre Michizane e o Fujiwara, Kitagawa Utamaro, data desconhecida

Episódio da luta entre Michizane e o Fujiwara, Kitagawa Utamaro, data desconhecida

 

A arte japonesa e as vanguardas europeias

As gravuras com imagens do mundo flutuante também tiveram um papel fundamental para as vanguardas modernas europeias.

A arte japonesa inspirou vários artistas europeus no final do século XIX, especialmente os artistas do impressionismo e pós impressionismo, além de também ter influenciado a Art Nouveau.

Vincent van Gogh foi um dos pintores a se inspirar na arte japonesa.

Cursos e e-books sobre as vanguardas europeias

O japonismo

O Japonismo manifesta-se na Arte Ocidental sobretudo através da simplificação de cores e perspectiva. Contudo, não se poderia dizer que se tratava de uma cópia do processo artístico japonês, mas sim um encontro entre ambas culturas e expressões artísticas.

Artistas influenciados pelo japonismo

O Japonismo também influenciou grandemente os artistas ocidentais, desde cedo. Alguns exemplos:

 

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A Cortesã (1887), Vincent Van Gogh (pintura baseada numa estampa japonesa; Museu Van Gogh, Holanda).

 

Tissot japonaise

 

 

 

 

 

 

 

 

Tissot – La Japonaise au Bain (1864), Musée des Beaux arts de Dijon

 

 

De facto, pelo final do século XIX, o mercado europeu conhece um afluxo de produtos japoneses de diversa ordem, entre os quais estará a arte japonesa, iniciando, assim, o Japonismo – uma espécie de reinterpretação europeia que integra os estilos japoneses em objectos da arte ocidental.

Partilhamos ainda um vídeo do van Gogh Museum sobre a influência da arte japonesa na obra de Vincent van Gogh

Autora do texto sobre ukiyo-e - Rute Ferreira


Imagens - Wikiart.org

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