Os girassóis de Van Gogh estão entre as pinturas mais conhecidas do artista, e também figuram entre as obras de arte mais caras do mundo.
A pergunta é: afinal de contas, por que os girassóis de Van Gogh custam tanto dinheiro?
Quando falamos nos girassóis de van Gogh estamos falando, na realidade, de uma série de pinturas produzidas pelo artista, e não de uma só.
Esses girassóis de van Gogh são naturezas-mortas, um gênero de pintura em que são representados objetos, seres inanimados, etc.
Em sua curta carreira, Van Gogh produziu várias pinturas no gênero da natureza-morta, e as mais conhecidas são as de seus girassóis.
Van Gogh pintando girassóis, de Paul Gauguin, 1888
Quem foi Vincent van Gogh
Vincent van Gogh nasceu em 30 de março de 1853, em Groo Zundert, na Holanda.
Filho mais velho de uma família com seis irmãos, seu primeiro trabalho, em 1869, foi o de auxiliar do tio, um negociante de arte. Mais tarde, trabalha como professor, missionário e escriturário.
Em 1880, aos 27 anos, que Vincent começa sua carreira como pintor. Seis anos mais tarde, ele vai para a França, onde tem contato com a arte de Rubens e com a arte japonesa, através das estampas.
O internamento em Arles
Os colapsos mentais que ele sofreu se acentuam a partir de 1888, em Arles, e o pintor voluntariamente decide se internar, contudo, não parou de produzir. É desta época a realização dos famosos girassóis de van Gogh
Finalmente, em 27 de julho de 1890, com apenas 37 anos de idade, Vincent morre. Supostamente, a causa teria sido suicídio, mas algumas revisões tem colocado em xeque essa teoria, e Vincent pode ter sido vítima de um disparo acidental.
Os girassóis de van Gogh são das obras mais caras do mundo
Vincent van Gogh é, basicamente, um Midas do mundo da arte. Suas obras não somente estão entre as mais caras do mundo, como é possível vender quase qualquer coisa que contenha uma reprodução de sua obra, de meias a cadernos.
Entretanto, durante sua vida, o pintor holandês vendeu somente um quadro, O Vinhedo Vermelho. Então, o que mudou?
1888
Os girassóis de Van Gogh
Foi por volta de 1888 que o pintor se dedicou aos girassóis. Doze, treze, catorze, quinze, enfim, várias flores em jarros, em diferentes pinturas amarelo ouro. Em uma carta dele ao irmão Téo, Van Gogh escreve:
Estou agora no quarto quadro de girassóis. Este quarto é um ramalhete de catorze flores e tem fundo amarelo, igual a uma natureza-morta de gamboas e limões que eu fiz há algum tempo Vincent, em carta ao irmão, Téo. 15 de agosto de 1888.
Os girassóis de van Gogh no mercado da arte
Para referência, em 1987, a companhia de seguros japonesa Yasuda comprou um dos girassóis de Van Gogh . Na época, o valor pago pela seguradora estabeleceu um recorde para a venda de uma obra de arte moderna: 39,9 milhões de dólares.
Isso nos leva a questionar quais são os critérios estabelecidos para se precificar uma obra de arte. A popularidade do artista? Sua história de vida? Esses são dois pontos que, de alguma forma, entram na conta, mas não são os únicos.
O mercado da arte
Quando falamos em mercado da arte estamos nos referindo a dois mercados:
- O primeiro, chamado mercado primário, pode ser entendido com as transações realizadas através de galerias que representam os artistas.
- O mercado secundário, por sua vez, é aquele dos leilões. E para cada tipo de mercado, existem critérios e formas diferentes de precificação.
O que carateriza o mercado primário e o secundário
O mercado primário leva em conta, por exemplo, as dimensões da obra e a técnica. Nesse mercado, se paga mais quando já há obras daquele artista no mercado, a um preço elevado.
Já o mercado secundário considera, entre outras coisas, a popularidade do artista, seus prêmios, sua passagem por exposições importantes. Considera também se o artista está vivo ou morto, afinal, um artista morto é um artista “improdutivo”, cujas obras são escassas.
No caso dos girassóis de van Gogh ou de quaisquer outras de suas pinturas, na verdade, é o mercado secundário – esse das casas de leilão – quem precifica as obras, levando em conta critérios como esses que eu mencionei acima.
Van Gogh é praticamente uma figura mítica
E isso também contribui para elevar o valor de sua obra. Sua personalidade, os colapsos que sofreu, a extensão de sua produção, sua relação com sua família, todos esses fatores contribuem para que suas obras se tornem objetos de desejo, especialmente em uma sociedade de consumo, em que até mesmo as artes são usadas para estimular isso.
Artista caro é artista morto?
Pode parecer, pelo que foi escrito até agora, que artista só fica caro ou é reconhecido quando morre. Isso não é bem verdade, e há muitos exemplos na história da arte para provar.
Sendo assim, por que Vincent vendeu só um quadro durante toda a sua vida?
Vou enumerar algumas razões.
- Vincent van Gogh começou a pintar relativamente “tarde”, em um período onde os pintores em geral começavam a formação artística muito jovens;
- Van Gogh viveu no final do século XIX, quando muitos países europeus passavam por uma ruptura estética. Os impressionistas, por exemplo, quebravam as regras estabelecidas pela Academia, e sua arte não era muito bem vista por crítica e público.
- Se tivesse vivido mais tempo, é bem provável que van Gogh tivesse visto seus quadros à venda. O marchand de Monet, por exemplo, precisou esperar cerca de dez anos para obter o retorno de seus investimentos.
Os girassóis de van Gogh na história da arte
As pinturas de van Gogh, seus girassóis, campos, autorretratos, enfim, a sua produção, são um legado não só de um homem, mas de uma época.
São valiosos, além do sentido financeiro, num sentido estético, por revelarem uma parte significativa da História da Arte.
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Rute Ferreira
Sou professora de Arte, com formação em Teatro, História da Arte e Museologia. Também sou especialista em Educação à Distância e atuo na educação básica. Escrevo regularmente no blog do Citaliarestauro.com e na Dailyartmagazine.com. Acredito firmemente que a história da arte é a verdadeira história da humanidade.