A pintora indiana Amrita Sher-Gil foi uma das mais importantes artistas de seu país no século XX. Observadora, tratou de representar especialmente tradições indianas em sua arte.
Amrita (Punjabi: امرِتا شیرگِل, ਅੰਮ੍ਰਿਤਾ ਸ਼ੇਰਗਿੱਲ) nasceu em 1913, em Budapeste, na Hungria, mas ainda na infância foi viver na Índia, de onde vinha seu pai. O pai de Amrita era um era um aristocrata sikh e sua mãe, judia húngara.
E foi ainda muito cedo que ela começou a ter aulas de arte: sua educação formal em pintura começou quando ela tinha apenas oito anos de idade.
Amrita Sher-Gil, Cigana Húngara, 1932
Amrita Sher-Gil em Paris
Aos onze anos de idade, Amrita foi para a Itália, com a mãe, onde foi matriculada na Santa Annunziata, uma escola de arte de Florença.
Um pouco mais velha, aos dezasseis, ela foi também com a mãe para Paris, onde se encantou com as obras de Paul Cézanne e Paul Gauguin, que se tornaram grandes inspirações em sua obra, pelo menos na primeira fase.
Em 1933, quando Amrita tinha vinte anos de idade, sua obra Moças chamou atenção dos círculos artísticos da época e ela foi convidada para expor no Grande Salão de Paris. Ela foi a pessoa mais jovem a receber um convite para expor no Salão.
Amrita Sher-Gil, Moças, 1932
Tal como acontecia com muitos artistas naquele período, Amrita foi bastante influenciada pelas técnicas que vinham sendo praticadas pelas vanguardas europeias.
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Amrita Sher-Gil – as tradições indianas
No ano seguinte, entretanto, a pintora começou a sentir saudade de casa. É a partir daí que ela passa a redescobrir as tradições indianas em sua arte, revelando em sua pintura detalhes e fragmentos do cotidiano de seu país.
Por volta de 1937, depois de conhecer as Grutas de Ajanta, Amrita ficou bastante impressionada e decidiu retomar o estilo clássico da pintura indiana. Dessa época são três de seus trabalhos mais importantes.
Os trabalhos de Amrita, a partir de então, apresentam principalmente aqueles temas que eram ignorados pelos círculos artísticos tradicionais: com frequência ela representou aldeões e pessoas doentes, por exemplo, mas sem se concentrar em pobreza e miséria, como a arte ocidental geralmente o fazia. Seu interesse artístico em representar seu país, suas tradições e cotidiano, fez com que ela declarasse:
Só posso pintar a Índia. A Europa pertence a Picasso, Matisse, Braque… Índia pertence apenas a mim.
Mulheres da Tribo, 1938
A personalidade de Amrita Sher-Gil
Para sua época, Amrita era considerada uma mulher muito independente. Apesar de vir de uma família aristocrática, era simpatizante dos movimentos da Independência.
Contradições e ambiguidades marcaram a vida de Sher-Gil desde o início, sendo a primeira delas, e talvez a mais formativa para sua personalidade, a sua dupla origem europeia e asiática. Isso a colocava em um certo limbo, em um lugar intermediário em relação tanto ao seu vocabulário artístico quanto à sua personalidade
Notas sobre Amrita Sher-Gil e Tshibumba Kanda-Matulu, Maria do Carmo M. P. de Pontes
Ela se casou, em 1938, com seu primo, Victor Egan, e alguns anos mais tarde, eles se mudaram para Lahore, que hoje fica no Paquistão, mas à época pertencia à Índia, e era então o centro artístico e cultural do país.
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A morte o legado de Amrita Sher-Gil
Amrita morreu aos 28 anos de idade, em 1941. A causa de sua morte é desconhecida. Ela ficou muito doente, entrou em coma, e faleceu. Rumores na época, da própria família, acusaram o marido dela, que era médico, de tê-la matado, outras versões sugeriam peritonite, mas nada foi confirmado.
O governo da Índia declarou as obras de Amrita Sher-Gil tesouros nacionais, e ela recebeu diversas homenagens, além de ter influenciado uma geração inteira de artistas indianos.
Cursos e e-books da autora
Rute Ferreira
Sou professora de Arte, com formação em Teatro, História da Arte e Museologia. Também sou especialista em Educação à Distância e atuo na educação básica. Escrevo regularmente no blog do Citaliarestauro.com e na Dailyartmagazine.com. Acredito firmemente que a história da arte é a verdadeira história da humanidade.