O Salon d’Automne de Paris, ou Salão de Outono marcou a história da arte no ano de 1903. mais de 100 anos passados continua a ser uma referência para a emergência de artistas e movimentos de vanguarda de todas as áreas.
Imagem de capa – Georges Dufrénoy Vue de Lyon, Salon d’Automne de 1937
O Salon d’Automne
O Salão de Outono foi criado em Paris, no início do século XX, como forma de “combater” o academismo instalado na Arte, à época.
A ideia foi desenvolvida por diversos artistas e críticos de arte, tornando-se naquilo que, ainda hoje, conhecemos como uma sociedade de homens e mulheres que da sua boa vontade impulsionam a emergência de novos artistas.
Distingue-se pela diversidade crescente de modalidades artísticas que apoia: pintura, escultura, desenho, artes aplicadas (utilitária), fotografia, técnicas mistas, arquitectura, arte digital, arte ambiental.
O primeiro Salon d’Automne de 1903
Petit palais em 1900
O primeiro Salão de Outono teve lugar no Petit Palais de Paris, edifício construído para a Exposição Universal de 1900, a 31 de Outubro de 1903. Criado pelo arquitecto belga Frantz Jourdain (1847-1935).
Jourdain era na altura presidente do Sindicato de Críticos de Arte, ao qual se juntaram diversos amigos, como Desvallières, Guimard, Carrière, Vallotton, Vuillard, Bonnard, Rouault, Matisse, entre tantos outros.
A ideia era organizar uma exposição independente que promovesse as novas tendências artísticas que borbulhavam, na época.
Defendiam o Vanguardismo, o conceito de multi-disciplinaridade na Arte e, sobretudo, queriam ser reconhecidos como pares nas Artes.
É importante relembrar que, numa altura em que o Academismo estava tão instalado nas Belas-Artes, ao ponto de estabelecer os cânones (quase obrigatórios) para a produção artística, qualquer inovação era vista como divergente – e não de uma forma positiva!
Assim, em 1903, quando nasce o Salão de Outono, nasce também uma oportunidade de reconhecimento aos artistas emergentes e às suas novas técnicas e representações.
Artistas impressionistas foram aqui apresentados ao público em geral e iniciaram uma longa trajectória de batalha por um lugar nos salões de arte.
Porquê o Outono?
A escolha do Outono não foi aleatória. Pretendia destacar-se dos dois outros salões do género que se realizavam na Primavera, nomeadamente o da Sociedade Nacional de Belas-Artes (Société Nationale des Beaux-Arts) e o Salão dos Artistas Franceses (Salon des Artistes Français).
Outra razão para a sua realização na estação outonal prendia-se a apresentar as pequenas telas pintadas no exterior durante os meses de Verão, e que caracterizavam uma boa parte da produção dos artistas Impressionistas.
O Salon d’ Automne no Grand Palais e seguintes localizações
Grand palais 1900
Depois do sucesso da primeira exposição, o Salão de Outono passou a ter lugar no Grand Palais, vizinho do anterior, e de dimensões superiores. A localização da exposição passou, em 1937, para a Esplanade des Invalides, um extenso passeio no centro de Paris, junto ao rio Sena. Actualmente, realiza-se na Avenida dos Campos Elíseos.
É na notável construção de metal e vidro do Grand Palais que são apresentados, em 1905, os Fauvistas, uma verdadeira revelação escandalosa, no contexto da produção artística da época – ainda mais divergente que os Impressionistas!
O Salão de Outono favoreceu o surgimento de todas as grandes tendências artísticas do século XX
Com o passar do tempo, o Salão de Outono favoreceu o surgimento de todas as grandes tendências artísticas do século XX, como o Surrealismo, o Cubismo, o Abstraccionimo, etc., trazendo para a luz do dia nomes de artistas da Pintura Contemporânea, como Cézanne, Picasso, Salvador Dalì, Zao Wou Ki, António Manfredi e Moebius.
No âmbito da escultura, revelou Maillol, Rodin, Camille Claudel, Bourdelle, Duchamp Villon e Ousmane Sow, entre tantos outros.
E de todas as artes…
Todas as artes encontram no Salão de Outono representatividade, dando a conhecer diversos nomes, como por exemplo, na música – Debussy, Ravel e Lockwood; e na poesia – Apollinaire, Aragon, e os mais recentes Glissant, Simeon e Bonnefoy. E nenhuma forma de arte tem primazia sobre a outra.
Em 1920, o Ministério da Cultura e Comunicação reconheceu o Salão de Outono como serviço de utilidade pública, tendo garantido assim apoio do Estado Francês desde esse ano.
O Salon d’ Automne na atualidade
Ao longo de cinco gerações, e com mais de 100 anos de actuação, a equipa da Sociedade do Salão de Outono que mantém-se fiel às determinações iniciais dos fundadores da Sociedade, trabalhando num regime de voluntariado, e persistindo na sua acção de apoio à criação artística, em qualquer uma das formas que ela escolha expressar-se.
A Sociedade pode ser visitada através do sítio de internet www.salon-automne.com, encontrando-se a informação disponível em francês e em inglês. Neste sítio, pode ainda consultar os pósteres e catálogos de diversos anos.
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