Neste artigo fique a saber o que é um ecomuseu e qual o significado deste conceito.
Verá a relação entre o seu surgimento e a própria evolução do conceito de património.
Conheça igualmente alguns destes museus comunitários no Brasil e Portugal.
Ecomuseus e Património
Compreender o campo dos museus comunitários é, antes de tudo, falar sobre património, cujo conceito muito tem se modificado ao longo do tempo.
O conceito de Património Cultural
As primeiras noções de Património cultural ligavam-se a edificações de valor singular, geralmente ligado às elites.
Até chegarmos à ideia de algo construído e elaborado por uma comunidade e que, portanto, é vivo dentro dela, o património é um conceito que se amplia e se transforma de acordo com os debates políticos e sociais que o envolvem.
O conceito de Ecomuseu
O próprio termo ecomuseus surge durante a 9ª Conferência do ICOM, em 1971, a partir da compreensão de um sentido de património cultural “vinculado a uma comunidade e a um meio ambiente”.
Em 1976, a UNESCO recomenda que as populações sejam integradas ao sítios históricos e vice-versa.
No Brasil acontece de forma tímida, uma vez que a ideia de que pudesse existir uma relação entre a história de um povo e um bem cultural, um património cultural, foi vista com indiferença pelas administrações estaduais.
Pode conhecer a evolução do conceito de património e da sua proteção no curso online Património Cultural.
Ecomuseu Itaipu
É só em 1987, com a criação do Ecomuseu Itaipu, que o primeiro ecomuseu é fundado no Brasil.
Foto: Alexandre Marchetti – Itaipu Binacional
Mas o que é um ecomuseu ?
O historiador francês Dominique Poulot o define como:
um espelho em que a população se olha para se reconhecer.
Não se trata de um museu distante, cujo acervo conte uma história desconhecida.
A história e a memória destacadas nesse tipo de iniciativa pertencem à própria comunidade da qual o museu faz parte.
De acordo com Hugues de Varine, consultor internacional na área da museologia:
São espaços pluridisciplinares em que as noções de público são diferenciadas – trata-se mais de uma população atuante sobre o acervo do que meros visitantes.
Veremos de seguida como se articula esta relação com a comunidade local.
A intervenção da comunidade
O Ecomuseu é então visto como um instrumento de mudança para o desenvolvimento local, uma vez que ele se liga diretamente à comunidade e ao seu entorno.
Pressupõe-se que haja, além da participação e dos interesses comuns dessa mesma comunidade, a sua capacidade de intervenção, sua possibilidade de fazer uso do património no sentido holístico.
Sendo assim, é possível dizer que nesses espaços, a partir dessa intervenção e da participação social, a população local seja mais do que consumidora do museu e desempenhe um papel de efetiva atuação.
Na prática, o que isso quer dizer?
Que tanto a fundação quanto a gestão do ecomuseus precisa ter lugar na participação local.
Que os acervos que compõem o museu dessa comunidade, enquanto grupo, estejam também ligados a ela e assim se torne um lugar que privilegie a memória e a identidade local.
Os museus comunitários não se ligam apenas ao desenvolvimento local.
Num sentido mais amplo eles são espaços onde o questionamento sobre o passado e suas representações não cai num campo estéril, pois esse passado é o mesmo da comunidade no qual ele se insere.
Ecomuseu do Seixal – Portugal
Atualmente com 8 núcleos “tem por missão investigar, conservar, documentar, interpretar, valorizar e difundir testemunhos do Homem e do meio, reportados ao território e à população do concelho, com vista a contribuir para a construção e a transmissão das memórias sociais e para um desenvolvimento local.” sustentável.
Pode descarregar em Pdf o folheto de apresentação AQUI.
Sou professora de Arte, com formação em Teatro, História da Arte e Museologia. Também sou especialista em Educação à Distância e atuo na educação básica. Escrevo regularmente no blog do Citaliarestauro.com e na Dailyartmagazine.com. Acredito firmemente que a história da arte é a verdadeira história da humanidade.
1 Comentário.
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