Como os museus precisam se adaptar ao comportamento do público

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Vamos refletir sobre a adaptação do museu de arte aos comportamentos atuais dos públicos a partir da exposição de arte de Tarsila do Amaral que bateu recordes de público em São Paulo.

museu de arte


Imagem de capa: “Composição (Figura Só)”, Tarsila do Amaral, 1930. Crédito da imagem: Thales  Leite.


museu de arte | oferecer uma experiência que vai além da tradicional e uma oportunidade de maximizar o impacto das mostras

Quem esteve em São Paulo – e talvez no Brasil – entre os meses de abril a julho foi impactado de alguma forma pela exposição de Tarsila Popular, em homenagem a Tarsila do Amaral, no museu de arte Masp. As filas gigantes para explorar as 92 obras da mais importante artista brasileira no mais famoso museu do país ganharam a mídia.

Tarsila do Amaral Abaporu, 1928

Tarsila do Amaral Abaporu, 1928

 

Mas para quem enfrentava as horas de espera, além de poder emocionar-se com o queridinho “Abaporu” ou com melancólico “Composição (Figura Só)”, pode também observar a explosão de um novo comportamento de visitação dentro de museus. As selfies com quadros não são novidade. Refiro-me a algo que vai além.

museu de arte | os visitantes montaram seus próprios e personalizados “catálogos virtuais”

Uma grande quantidade de visitantes esgueirava-se entre as obras para tirar fotos. Elas enfrentavam os pequenos grupos amontoados de fronte a cada um dos quadros para ficarem o mais próximas possível deles. Vencendo os obstáculos humanos, encaixavam a composição na tela do celular e clic! Imagem capturada.

Na sequência, registravam o nome e ano e, caso houvesse, mais uma foto de algum texto de apoio. Muitas delas não chegaram a observar as obras sem o filtro da tela do celular, mas saíam satisfeitas com o sucesso da empreitada. Contudo, o ponto que as une é que todas montaram seus próprios e personalizados “catálogos virtuais”.

O catálogo oficial, lindamente impresso, estava à venda na loja do museu. Ele continha todas as obras expostas, explicações, textos de autores renomados sobre Tarsila, o modernismo brasileiro e sobre arte em geral.

Não sei quantas das pessoas que fizeram o “catálogo virtual” também compraram o book da exposição, contudo, não é irrelevante dizer que optaram por ter em seus arquivos pessoais esse registro.

Pode conhecer melhor “Tarsila do Amaral e a antropofagia” no artigo.

museu de arte | novos públicos, novos serviços

Esse comportamento abre uma oportunidade de um novo produto para museus e galerias. Um catálogo virtual oficial das mostras, que pode integrar diversos serviços, como mapas, áudio-guia, cupons de descontos para a lojinha ou para o café, por exemplo. Quem comprar o ingresso, recebe uma senha e pode baixar gratuitamente o material, com qualidade e precisão, de forma permanente em seus smartphones.

O catálogo virtual ou guia virtual da exposição num museu de arte permitirá que os visitantes que quiserem o registro permanente da experiência possam dedicar-se somente a vivenciar o momento e, para os que só estão tentando observar os quadros atentamente, um punhado a menos de empurrões. Também pode tornar-se uma boa alternativa de visibilidade para patrocinadores, que conseguirão saber quantas pessoas foram impactadas por sua marca, captar dados e oferecer seus produtos de forma customizada.

As selfies e registros pessoais para as redes sociais continuarão a ser bem-vindas, já que ajudam tanto na divulgação e atraem mais visitantes. O guia virtual pode, inclusive, potencializar essas iniciativas, indicando hashtags e reunindo posts real time de quem as usou, com possibilidade de curtidas, comentários e compartilhamentos.

O fato é que as instituições culturais precisam produzir mais do que boas exposições e organizar bem as filas. É preciso observar os que contemplam para entender como melhorar e ampliar a experiência usando a linguagem e os formatos que fazem sentido para o público.


A sua opinião:

O que pensa sobre a necessidade de um museu de arte ou exposição se adaptar às novas necessidades e expetativas dos públicos?

Jessica Panazzolo

Jessica Panazzolo é graduada em Jornalismo pela Universidade Metodista de São Paulo. Pós-graduada em Marketing e Comunicação Integrada pelo Mackenzie. Atuou por 15 anos no mercado de comunicação brasileiro. Trabalhou em corporações e editoras de revistas. Hoje, presta consultoria de comunicação e marketing e atua como ghost writer

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