Ecomuseus e Patrimônio
- Postado por Fátima Muralha
- Categorias Museologia, Patrimonio cultural
- Data 02/05/2020
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Neste artigo fique a saber o que é um ecomuseu e qual o significado deste conceito. Verá a relação entre o surgimento dos ecomuseus e a própria evolução do conceito de património. Conheça igualmente alguns ecomuseus no Brasil e Portugal
Autora: Rute Ferreira
Ecomuseus e Patrimônio
Compreender o campo dos ecomuseus é, antes de tudo, falar sobre patrimônio, cujo conceito muito tem se modificado ao longo do tempo.
Da ideia de edificações de valor singular, geralmente ligado às elites, ao de algo construído e elaborado por uma comunidade e que, portanto, é vivo dentro dela, o patrimônio é um conceito que se amplia e se transforma de acordo com os debates políticos e sociais que o envolvem. O próprio termo ecomuseus surge durante a 9ª Conferência do ICOM, em 1971, a partir da compreensão de um sentido de patrimônio “vinculado a uma comunidade e a um meio ambiente.
Em 1976, a UNESCO recomenda que as populações sejam integradas ao sítios históricos e vice-versa, o que no Brasil acontece de forma tímida, uma vez que a ideia de que pudesse existir uma relação entre a história de um povo e um bem cultural, um patrimônio, foi vista com indiferença pelas administrações estaduais.
Ecomuseu Itaipu
É só em 1987, com a criação do Ecomuseu Itaipu, que o primeiro ecomuseu é fundado no país.
Foto: Alexandre Marchetti - Itaipu Binacional
Mas o que é um ecomuseu ?
O historiador francês Dominique Poulot o define como um espelho em que a população se olha para se reconhecer. Não se trata de um museu distante, cujo acervo conte uma história desconhecida. A história e a memória destacadas nesse tipo de iniciativa pertencem à própria comunidade da qual o museu faz parte.
De acordo com Hugues de Varine, consultor internacional na área da museologia, são espaços pluridisciplinares em que as noções de público são diferenciadas – trata-se mais de uma população atuante sobre o acervo do que meros visitantes.
Veremos de seguida como se articula esta relação do ecomuseu com a comunidade local.
Ecomuseu e a intervenção da comunidade
A partir da perspectiva do ecomuseus como um instrumento de mudança para o desenvolvimento local, uma vez que ele se liga diretamente à comunidade e ao seu entorno, pressupõe-se que haja, além da participação e dos interesses comuns dessa mesma comunidade, sua capacidade de intervenção, sua possibilidade de fazer uso do patrimônio no sentido holístico.
Sendo assim, é possível dizer que nesses espaços, a partir dessa intervenção e da participação social, a população local seja mais que consumidora do museu e desempenhe um papel de efetiva atuação.
Na prática, o que isso quer dizer?
Que tanto a fundação quanto a gestão do ecomuseus precisa ter lugar na participação local, e que os acervos que compõem o museu dessa comunidade, enquanto grupo, estejam também ligados a ela e assim se torne um lugar que privilegie a memória e a identidade local.
Os ecomuseus e os museus comunitários não se ligam apenas ao desenvolvimento local, mas num sentido mais amplo eles são espaços onde o questionamento sobre o passado e suas representações não cai num campo estéril, pois esse passado é o mesmo da comunidade no qual ele se insere.
Dicas:
Para saber mais sobre os ecomuseus, em especial sobre o Ecomuseu do Seixal, em Portugal, ouça o podcast Encontros com o Patrimônio: Ecomuseus e Museus Comunitários disponível em: https://www.tsf.pt/programa/encontros-com-o-patrimonio/emissao/ecomuseus-e-museus-comunitarios-4898954.html
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