Henri Rousseau foi um auto-didata cuja carreira de pintor começou a tempo inteiro apenas após reformar-se.
É denominado por alguns como Primitivista, por outros como Naïf pelo facto de não ter tido formação académica na vertente artística. É um dos artistas que integra o movimento pós impressionista.
A partir da análise efetuada por Yolanda Silva no curso Pós Impressionismo vamos olhar para uma das obras mais enigmáticas de Henri Rousseau .
A cigana adormecida
Henri Rousseau tinha um talento natural para o desenho e a sua imaginação levava-o para imagens exóticas e misteriosas. Esta procura de motivos exóticos pode ser interpretada como uma fuga ao quotidiano.
Rousseau remete-nos a ambientes de inquietude similares aos experienciados em estados subconscientes – o que leva a pensar na psicanálise de Freud, seu contemporâneo, e na influência do pintor no desenvolvimento do Surrealismo.
Por outro lado, a geometria e disposição linear das formas (por exemplo, no jarro e no ângulo recto do braço) antecipa aspectos do Cubismo.
Há uma inscrição que serve de subtítulo a esta obra, ilustrando a cena:
«O animal selvagem, apesar de faminto, hesita em atirar-se à sua vítima que, extenuada, caiu num sono profundo.»
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O Cavaleiro Azul – e uma “nova pintura”
Henri Rousseau apresenta-nos um quadro carregado de simbolismo e misticismo, em que o observador não consegue ficar indiferente.
«A Cigana Adormecida» é toda ela um enigma poético, propositadamente construído por Rousseau.
«O mistério acredita em si próprio e está aí, nu, sem invólucros […]. E, provavelmente, há uma razão para o facto de o pintor, que nunca esquece um pormenor, tenha evitado cuidadosamente qualquer rasto de areia perto dos pés adormecidos. A cigana não passou por onde está a dormir. Ela está lá. Ela não está lá. Não preenche um lugar humano. Vive em espelhos…» (Jean Cocteau, 1926, referindo-se a «A Cigana Adormecida»)
Rousseau concilia uma representação ainda ingénua das formas, com um tema complexo e profundo, evocativo de emoções e de sonhos.
Talvez por isso esta obra de peinture-poèsie supera o Simbolismo produzido à época e tanto fascinará os Surrealistas (como Breton e o próprio Cocteau), podendo mesmo ser considerada uma precursora do movimento da pintura metafísica de De Chirico.
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