Retratos de Marilyn Monroe e outras celebridades, cores fortes, serigrafia e quadrinhos, colagens… Reconheceu?
Estamos falando do movimento pop art , que tornou as pretensas fronteiras entre a cultura de massa e a cultura erudita muito menos definidas.
Andy Warhol (1928-1987) afirmou ter aprendido a ver a “arte comercial como verdadeira arte e a arte verdadeira como arte comercial”.
Dessa forma ele resumiu, em certa medida, o espírito do movimento pop art que surgiu inicialmente em Londres, embora tenha ficado mais conhecido por seus expoentes nos Estados Unidos.
Andy Warhol, Beethoven, 1987
Como surgiu o movimento pop art ?
Em 1956, Richard Hamilton (1922-2011) expôs um quadro chamado O Que Torna os Lares Tão Diferentes, Tão Atraentes? numa exposição do Independent Group, em Londres.
A profusão de artigos produzidos em massa, o comercialismo e o entretenimento de massa passaram a ser chamados de cultura popular, para se diferenciar da cultura erudita, e esse se tornou o foco do Independent Group. Susie Hodge em Breve História da Arte.
Utilizando a técnica da colagem, Hamilton apresentou uma sala, e no centro, um fisiculturista segurando um pirulito com a palavra “pop” na altura de sua virilha.
Com imagens retiradas principalmente de revistas americanas, Hamilton criou uma obra provocativa, em que fazia menção ao consumismo e à publicidade.
O Que Torna os Lares Tão Diferentes, Tão Atraentes? , de Richard Hamilton, 1956
Dois anos mais tarde, o crítico de arte Lawrence Alloway (1926-1990) utilizou a expressão pop art em um artigo de 1958.
Desde então o termo serviu para nomear um movimento pouco coerente, em que os artistas não estavam interessados em seguir um estilo ou técnica similares.
Nos Estados Unidos, o movimento se tornou um contraponto ao Expressionismo Abstrato.
Com influências dadaístas, os artistas da pop art se basearam nos meios de comunicação de massa e na publicidade para a criação de seus trabalhos.
Provocativa e irreverente, com imagens muito coloridas e elementos até então inusitados nas artes tradicionais, a pop art tornou as fronteiras entre arte comercial e arte erudita menos definidas.
No Carro, Roy Lichtenstein, 1963
Arte e Consumo
Muitos artistas da pop art tiveram experiências anteriores na chamada arte comercial.
Alguns eram ilustradores de revistas, por exemplo, o que sem dúvida influenciou seus trabalhos.
Além disso, o movimento também foi influenciado pela própria configuração da sociedade americana.
Após a Segunda Guerra Mundial e com o aumento dos meios de comunicação, se tornou mais consumista.
Esse desejo de consumo é um dos principais pontos abordados pela pop art: o astro de cinema, a lata de refrigerante, tudo que se deseja ter pode se tornar acessível.
Como? Através de uma arte que, reproduzida largamente e de modo impessoal não se dirige apenas aos intelectuais.
Isso não significa, no entanto, que ela não seja produzida e vendida, por uma fortuna, para galerias de arte ou colecionadores.
Em 2013, por exemplo, a obra Silver Car Crash, de Warhol, foi arrematada em um leilão por mais de 100 milhões de dólares.
Silver Car Crash, de Andy Warhol, 1963
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Andy Warhol, o rosto do movimento pop art
Andy Warhol, um dos nomes mais relacionados à pop art, utilizou processos de serigrafia em sua criação.
Warhol trouxe latas de sopa, embalagens e imagens de celebridade ao patamar de obras de arte.
Depois de ter trabalhado em revistas de moda como a Vogue, e de ter atuado como publicitário, Warhol fez sua primeira exposição individual em 1952.
Nela, apresentou desenhos baseados na obra do escritor Truman Capote.
Andy Warhol, Marylin, 1964
Mas, é na década seguinte que o artista vê sua carreira decolar, quando passa a utilizar sua experiência publicitária na produção de obras de arte.
Obras de arte que, é bom dizer, representavam o desejo de consumo desenfreado do público de Warhol, de divas pop às Caixas Brillo.
Andy Warhol utilizava cores fortes e brilhantes em suas peças, que eram reproduzidas mecanicamente, especialmente através de serigrafias.
Elvis I e II, Andy Warhol, 1963
O movimento pop art – o sucesso
O ponto chave do movimento pop art foi apresentar coisas com os quais todos poderiam se identificar, não somente um seleto grupo de intelectuais ou uma elite.
Isso os levou, muitas vezes, a se afastar de habilidades técnicas.
Além disso, ainda refletia uma certa dose de otimismo, em contraponto ao expressionismo abstrato, o que fez com que o movimento se tornasse, de fato, popular.
Persimmon, 1964, Robert Rauschenberg
Pop Art – a identificação com o consumidor
Além desses temas acessíveis, distintos da arte tradicional, ao abraçar o materialismo, o movimento pop art trouxe imagens conhecidas.
Essa identificação, que ultrapassava as fronteiras da arte dita erudita, foi essencial para o êxito do movimento.
Mas se, invariavelmente, os artistas acabaram criando obras de arte para colecionadores de arte e galeria, eles se tornaram mesmo populares?
Alguns, sim. O caso das capas de discos de música pop é um exemplo claro disso.
A colagem do disco Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967), dos Beatles, e Sticky Fingers (1971), dos Rolling Stones, estão aí para provar.
Andy Warhol, detalhe da capa do disco Sticky Fingers, dos Rolling Stones, 1971
O movimento pop art foi um dos primeiros movimentos da arte pós moderna.