Almada Negreiros: O Homem Que Amava Todas as Artes

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Já ouviu falar sobre o escritor Almada Negreiros ?

Ele é autor de belos versos, como a Canção da Saudade, na qual diz “se eu fosse cego, amava toda a gente…”
Talvez o conheça melhor como escritor e poeta, mas o artista também produziu várias ilustrações e pinturas durante sua vida intensa. Vamos relembrar a sua trajetória artística.

Imagens: Wikiart.org


Almada Negreiros Autoretrato

Almada Negreiros. Self-portrait, 1948. Calouste Gulbenkian Museum. © Almada Negreiros

Um artista versátil

Almada Negreiros. Autoretrato num grupo, 1925.

Almada Negreiros. Autoretrato num grupo, 1925.

 

Nascido em 1893 em São Tomé, Almada Negreiros começou a escrever e a ilustrar jornais manuscritos aos 12 anos.

Nos anos seguintes, continuou colaborando com os principais periódicos de humor da época.

Com apenas 20 anos, realizou a sua primeira exposição individual com cerca de noventa desenhos e, no ano seguinte, tornou-se diretor artístico de uma revista semanal.

A versatilidade artística

Negreiros criou ilustrações para posteres, revistas e livros, enquanto escrevia romances, peças, ensaios e romances.

Nos anos 30, tornou-se cada vez mais procurado, especialmente para obras oficiais, incluindo a criação de edições comemorativas de selos ou estudos para os vitrais de uma igreja em Lisboa.

O artista também criou frescos, cartões de tapeçaria e até painéis para edifícios oficiais.

Técnicas variadas, e sempre escrevendo, foi um dedicado defensor da arte moderna em Portugal.

Almada Negreiros domingo lisboeta

Almada Negreiros Domingo Lisboeta, tapeçaria

 

Negreiros trabalhou até um ano antes de sua morte em 1970 e seus últimos trabalhos foram feitos para a Fundação Calouste Gulbenkian e para a Universidade de Coimbra.

Almada tinha uma visão profundamente positiva da vida e uma serenidade que o fez dizer que não há mal-entendidos entre mim e a vida.

Um artista envolvido

Também é necessário enfatizar o papel do artista na promoção dos movimentos modernistas em Portugal.

Ele produziu manifestos nos quais discutia a produção literária sua contemporânea e, como escritor, era irónico, sarcástico e inteligente.

Manifesto Anti-Dantas e por Extenso, Almada Negreiros, dito pelo ator Mário Viegas

Além de escrever, ele também se envolveu nos assuntos da atualidade. Em 1917, realizou uma conferência vestido de trabalhador.

No mesmo ano, escreveu um manifesto intitulado Ultimato Futurista para as Gerações Portuguesas do século XX, no qual afirmou:

Eu não pertenço a nenhuma das gerações revolucionárias. Eu pertenço a uma geração construtiva.

Almada também apontou a decadência nacional nas artes e na cultura. Segundo o artista, a indiferença estava absorvendo o patriotismo da nação portuguesa.

Acreditando na arte e na literatura como elementos básicos para a construção de uma humanidade melhor, Almada escreveu:

Quando eu nasci, as frases que salvariam a humanidade já estavam escritas, tudo o que restava era salvar a humanidade.

Um artista premiado

Almada Negreiros era um homem que queria unir todas as artes. Essa trajetória artística rendeu-lhe inúmeros prémios, como o prémio Columbano pela pintura “Mulher”.

Ele também recebeu prémios, como o Prémio Domingos Sequeira, por suas pinturas em painel.

Além dos prémios, ele foi frequentemente convidado a participar de exposições, incluindo exposições internacionais, como a Exposição de Artistas Portugueses no Brasil, em 1942.

Um artista inesquecível

Almada Negreiros, Retrato de Fernando Pessoa,1954

Almada Negreiros, Retrato de Fernando Pessoa,1954

 

A produção de Negreiros, em todas as áreas em que trabalhou, é intensa e dinâmica. Ele ajudou a definir o movimento modernista em Portugal e foi um dos artistas mais produtivos de sua geração.

Conhecido carinhosamente como “mestre Almada”, ele era um campeão da novidade e da provocação estética.

As obras que criou, tanto na literatura como nas artes visuais, as exposições em que participou, os prémios que recebeu são a prova de que contribuiu significativamente para a produção artística de Portugal.


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Rute Ferreira

Sou professora de Arte, com formação em Teatro, História da Arte e Museologia. Também sou especialista em Educação à Distância e atuo na educação básica. Escrevo regularmente no blog do Citaliarestauro.com e na Dailyartmagazine.com.  Acredito firmemente que a história da arte é a verdadeira história da humanidade.

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