Pontos, bolas, abóboras e espelhos: a arte de Yayoi Kusama

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Conheça a arte de Yayoi Kusama , artista japonesa contemporânea que traduz sentimentos e emoções através de pontos, bolas, abóboras e espelhos.

A artista plástica e escritora Yayoi Kusama nasceu em 1929, em Matsumoto, no Japão.

Sua história com a arte começa quando ela tinha apenas dez anos de idade, e começou a pintar as bolinhas pelas quais se tornaria conhecida, utilizando aquarelas e óleos.

Sala de Espelhos Infinitos, 1965

Aos 27 anos, Yayoi foi para os Estados Unidos a convite de outra artista, a pintora Georgia O’Keefe.

Além de encontrar uma boa possibilidade de reconhecimento em outro país, foi também um modo de se afastar da família, que não lidava muito bem com a escolha de Yayoi pela arte.

Quando foi para os Estados Unidos, Yayoi se estabeleceu em Nova Iorque, onde trabalhou com Andy Warhol, entre outros artistas, fazendo parte do movimento de vanguarda que se anunciava no país.

Nos anos 60, Yayoy produziu esculturas ambientais, usando espelhos e luzes.

A auto-obliteração de Kusama

Ainda no final dos anos 60, Yayoi produziu e estrelou o filme Kusama’s self-obliteration, que lhe rendeu prémios nos Estados Unidos e na Bélgica.

Yayoi Kusama Obliteration Room (2015)

Yayoi Kusama’s Obliteration Room (2015)

 

Em 1973, Yayoi voltou para o Japão, e passou a se dedicar também à criação literária, publicando uma série de romances e antologias.

A arte de Yayoi Kusama ao ar livre e suas exposições

Nos anos 90, foi a vez da artista experimentar a criação de esculturas ao ar livre.

Ascension of Polka Dots on the Trees Singapura 2006

Ascension of Polka Dots on the Trees Singapura 2006

 

Produziu obras para museus no Japão, Estados Unidos e Portugal, e em 1996, quando passou a expor mais nas galerias de Nova Iorque, foi premiada por suas exposições individuais.

Teve uma retrospectiva de suas obras inaugurada no Museu de Arte de Los Angeles, em 1998, que de lá seguiu para outros museus, como o MoMA e o Museu de Arte Contemporânea de Tóquio.

As exposições de Kusama atraem milhares de pessoas.

Em 2004, só a sua exposição individual Kusamatrix, por exemplo, foi visitada por 520.000 pessoas.

Catálogo de Kusamatrix, disponível no Asia Art Archive

Catálogo de Kusamatrix, disponível no Asia Art Archive

 

As obras da artista japonesa já passaram por diversos países do mundo, rendendo prémios, documentários e um certo ar mítico sobre a vida de Yayoi.

A arte de Yayoi Kusama no Brasil

Yayoi Kusama, Narcissus Garden Inhotim, 2009. Foto: Pedro Motta

Narcissus Garden Inhotim

 

No Brasil, o Instituto Inhotim conta com a obra Narcissus Garden, de 2009.

Mais uma vez, as formas circulares aparecem. Em referência ao mito de Narciso, a instalação reúne 750 esferas de aço inoxidável em um espelho d’água.

Segundo Yayoi, a obra é um tapete cinético, que dependendo da ação do vento, muda de agrupamento em meio à vegetação.

A obra que está no Inhotim é uma versão da escultura que foi apresentada pela primeira vez na Bienal de Veneza de 1966.

A arte de Yayoi Kusama em Portugal

Em Portugal, a artista está presente na arte urbana juntando-se a inovação contemporânea a um dos mais tradicionais processos artísticos portugueses: o azulejo.

Na estação de metro do Parque das Nações, em Lisboa, o trabalho em azulejo ocupa as duas paredes do topo Norte da estação de cada lado da linha férrea.

A leitura é de conjunto apesar de ser interrompida pelo próprio túnel.

Painel de azulejos de Yayoi Kusama , estação de metro do Parque das Nações

Painel de azulejos de Yayoi Kusama, estação de metro do Parque das Nações, Lisboa

 

Arte e saúde mental

Desde muito jovem, Yayoi sofre de problemas de saúde mental; esquizofrenia e alucinações.

Segundo ela mesma, a arte foi a forma que encontrou de lidar com isso, como uma espécie de fuga da realidade.

De acordo com a artista:

Minha arte é uma expressão da minha vida, sobretudo da minha doença mental, originária das alucinações que eu posso ver. Traduzo as alucinações e imagens obsessivas que me atormentam em esculturas e pinturas. Todos os meus trabalhos em pastel são os produtos da neurose obsessiva e, portanto, intrinsecamente ligados à minha doença. Eu crio peças, mesmo quando eu não vejo alucinações, no entanto. Com o tempo, passou a preencher pisos, paredes, telas, objetos e até pessoas com seus pontos."

Essas alucinações muitas vezes dão a Yayoi a sensação de estar flutuando ou trancafiada.

Sua série de instalações Sala de Espelhos Infinitos tem relação direta com essa condição.

Yayoi Kusama An Infinity Room

An Infinity Room

 

Na criação de Todo o Amor Eterno que Tenho Pelas Abóboras, Yayoi “deu especial atenção ao posicionamento dos objetos e espelhos, e ao das luzes que incidem nos espelhos estrategicamente posicionados”.

The Spirits of the Pumpkins Descended into the Heavens (2017), National Gallery of Australia

As abóboras de acrílico enchem a sala, e os espelhos dão a impressão de que elas se espalham de modo infinito. Para Kusama, cada bolinha representa o sol e a lua, símbolos de energia e serenidade, respectivamente.

Yayoi Kusama e Louis Vuitton

A colaboração entre Yayoi Kusama e Louis Vuitton tem sido uma das mais impactantes no mundo da moda e acessórios.

A famosa marca de malas e acessórios de moda integrou a criatividade da artista nos seus modelos clássicos e com resultados surpreendentes.

 

 

Yayoi Kusama e Louis Vuitton

 

E não menos surpreendentes são as instalações associadas ao marketing desta colaboração.

Como esta antropomórfica apresentação em Nova Iorque.

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