Sabia que há mais de 20 000 Santos e Beatos da Igreja Católica ? Como identificá-los.

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Neste artigo vai ficar a conhecer a origem do Dia de Todos os Santos e a forma como é possível identificar os Santos da Igreja Católica na arte através dos seus símbolos e atributos.

O Dia de Todos os Santos da Igreja Católica

A Enciclopédia Católica define o dia de todos os santos como uma festa em “honra a todos os santos, conhecidos e desconhecidos”. No fim do segundo século, professos cristãos começaram a honrar os que haviam sido martirizados por causa da sua fé e, certos de que eles já estavam com Cristo no céu, oravam a eles para que intercedessem a seu favor. A comemoração regular começou quando, em 13 de maio de 609 ou 610, o Papa Bonifácio IV dedicou o Panteão (o templo romano em honra a todos os deuses) a Maria e a todos os mártires.  In: wikipedia

No ano 835 d.C.. , decorria o processo de cristianização. O Papa Gregório IV escolheu o dia 1 de novembro para celebrar todos aqueles que morreram com “uma vida plenamente realizada, que são exemplos de vida e estão na glória de Deus”. 

Pode-se dizer que o dia de todos os santos nasceu então numa época em que o número de santos e mártires aumentou. Foi por isso necessário criar um dia em que se celebrassem todos eles uma vez que era já hábito a Igreja Católica dedicar um dia do ano à devoção a cada santo, o que se tornou obviamente uma impossibilidade.

A celebração de todos os Santos da Igreja Católica pôs em causa a devoção a cada Santo?

O dia de todos os santos não anulou ou pôs em causa a devoção a cada santo individualmente. Mas como eram estes identificados?

As imagens religiosas foram a base para a devoção aos santos e mártires. E criaram-se códigos e símbolos que permitissem fazer a identificação das figuras santas.

Ao longo do tempo foram produzidas obras de arte religiosa e de arte sacra que nos mostram isso mesmo.

No texto seguinte da autoria de Yolanda Silva podemos ver quais os elementos que permitiam aos crentes identificar os seus santos de devoção.
E, claro, que permitem hoje aos historiadores, historiadores de arte, museólogos, guias turísticos e todos os que se interessam pelo tema, perceber e identificar as representações de santos e mártires ao longo do tempo.

Pode aprofundar este tema no curso online

ICONOGRAFIA DOS SANTOS

Santos da Igreja Católica , Beatos e Mártires: como eram identificados?

O uso dos atributos prendia-se com a necessidade de identificar as personagens religiosas perante um público, na sua maioria, analfabeto.

Podem ser encontrados os nomes dos respectivos santos inscritos na auréola ou numa filactera (espécie de legenda explicativa, na base da figura).

Santos da Igreja Católica identificação

Detalhe de Imagem de São Gonçalo pertencente à Igreja do Carmo – Porto

 

Todavia, o uso de sinais ou símbolos, tal como era tradição nas religiões pagãs, provou-se muito mais eficaz, tendo sido com o tempo, mais aceite.

O Santo era, então, individualizado pelo aspecto físico, pelas roupagens, armas, animais ou outros símbolos que se relacionassem com a sua história.

Como podemos distinguir os Santos da Igreja Católica

Podemos distinguir a figura santa por dois aspectos:

– as suas características – aspecto físico e indumentária;

– os seus atributos – elementos de vários tipos que se relacionam geralmente com a sua condição, profissão, história de vida ou de martírio.

Sobre a a indumentária do clero católico

o aspeto físico

Na generalidade dos casos, o aspecto físico é mais ou menos estandardizado e com poucas variações:

– as feições tendem a ser equilibradas, de silhuetas esguias e aspecto algo frágil, como forma de sugerir a vida de ascetismo (com algumas excepções, como São Cristóvão, representado como um homem de aspecto mais atlético);

– a maioria das imagens apresenta-se sã, mas muitas representações demonstram os santos a sofrer as mutilações dos seus martírios;

Pintura Barroca Martirio de São mateus

Martirio de São Mateus, Caravaggio

 

– são representados na plenitude da idade, excepto aqueles que morreram em jovens ou que habitualmente são vistos como idosos (como São José e São Jerónimo);

Guido Reni São José com o menino Jesus, fonte wikicommons

Guido Reni São José com o menino Jesus, fonte wikicommons

 

– predominam os tipos físicos europeus, em particular os mediterrânicos;

– as barbas são curtas nos mais jovens e longas nas personagens patriarcais ;

– é raro encontrar santas representadas com cabelos longos visíveis (um dos exemplos é Santa Madalena);

Santa Maria Madalena, Josefa de Óbidos 1650

Santa Maria Madalena, Josefa de Óbidos 1650

 

– é, igualmente, raro encontrar inferioridades físicas e desfigurações (mas, encontramos São Roque com as úlceras da lepra e Santa Noémia com o pé deformado em pata de ganso, como excepções à regra).

São Roque - Santos da igreja católica

São Roque

A indumentária dos Santos da Igreja Católica

A indumentária revela-nos algo mais sobre a identidade da imagem, ajudando a definir alguns aspectos da sua vivência, condição e país de origem do santo em questão, bem como a posição hierárquica que ocupa dentro da Igreja, se a tiver.

Podemos delinear alguns aspectos gerais:

– aqueles santos dos primeiros séculos do Cristianismo, vestiam-se de modo convencional, com túnica branca cingida, manto e sandálias;

– os Apóstolos apresentam-se do mesmo modo, mas descalços (segundo motivos religiosos, induzidos no Novo Testamento);

– um santo que tenha tido actividade militar era representado com as suas armas e couraças (por vezes, criando anacronismos);

São jorge - Santos da Igreja Católica

São Jorge, Gustave Moreau, 1889 – 1890

 

– Anjos e Arcanjos das Milícias Celestes podem surgir representados com armas e couraças, embora, geralmente, surjam com túnicas brancas;

– a indumentária reflecte a condição social, diferenciando um camponês (por exemplo, Santo Isidro), de um pastor (Santo Vendelin) ou de um rei (São Luís de França);

Luís IX de França Por Emile Signol, 1839

Luís IX de França Por Emile Signol, 1839

 

– os romeiros apresentam-se com o chapeirão, bordão ou cajado (por vezes com cabaça), uma capa curta (a romeira) e, por vezes, uma concha (da romagem a Santiago);

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