O que foi o Romantismo e como esta corrente de pensamento se refletiu na arte.
O que foi o Romantismo – abrangência da expressão
Como todos os movimentos artísticos, o Romantismo reflete e reage às realidades históricas do seu tempo.
Neste artigo iremos ver o que foi o romantismo no que respeita ao seu enquadramento histórico, às suas ideias de base e caraterísticas ao nível da arte.
Os artistas românticos expressaram-se num período histórico particularmente marcado por grandes mudanças sociais, políticas e ideológicas acompanhadas de inovações técnicas e científicas.
O que foi o Romantismo em termos temporais
Quando falamos de pintura romântica falamos num movimento iniciado nos finais do século XVIII e princípio do século XIX mas com importantes expressões artísticas até ao final do Sec. XIX.
Trata-se pois de uma designação que abarca uma grande heterogeneidade de artistas, de géneros e de temas.
O seu percurso e evolução foram muito diferenciados geograficamente.
Mas certo é que algumas das obras do período romântico constituíram elas próprias verdadeiras revoluções artísticas inspirando os futuros movimentos artísticos do Sec. XX.
O que foi o Romantismo e a sua relação com o desenvolvimento científico
No século XIX a era das máquinas e do desenvolvimento científico trouxe, comparativamente com outras épocas, as maiores alterações na vida humana, num curto prazo.
Os progressos científicos como a eletricidade, o automóvel, o telefone, a fotografia, o cinema, a grafonola e as linhas férreas, surgiam a uma velocidade vertiginosa.
Aproximaram-se distâncias e melhorando a qualidade e a esperança de vida.
A nova Paris
Paris era agora a capital do mundo artístico, todas as criações francesas refletiam-se nos outros países, e muitos artistas trocavam as suas origens para aí se estabelecerem.
A vida noturna em Montmartre começou a ser animada por cafés-concerto e cabarets frequentados por intelectuais, artistas e simples boémios.
Vivia-se assim, dividido entre o entusiasmo do progresso da ciência e da tecnologia, que originavam um otimismo no modo de encarar a vida, e a paixão nostálgica do passado.
Paris inicia a sua modernização por volta de 1830, com o plano de renovação urbana do Presidente da Câmara, o Barão Haussman (1809-1891).
A Cidade foi reformada devido a necessidades urgentes, não tanto de segurança, como referem frequentemente, mas de higiene pública e de circulação.
Com a população que cada vez mais afluía à cidade, era indispensável criar um plano para as vias de trânsito.
Destruíram-se bairros medievais para se criarem outros modernos, novas praças, largas avenidas e enormes jardins, sob a direção de Adolphe Alphand (1817-1891).
Passaram de doze distritos para vinte e reorganizaram os transportes públicos.
A moderna cidade de Paris serviu de modelo a várias cidades estrangeiras e foi o ponto de diversão da população que desfrutava entusiasticamente dos seus novos espaços.
O que foi o Romantismo e a sua relação com as ideias filosóficas e políticas
Para compreender o que foi o Romantismo desde as suas primeiras manifestações, ao longo do Sec. XVII, temos de ver que a arte do Romantismo surge enquadrada com as ideias filosóficas e políticas desta época.
Em contraponto ao racionalismo caraterístico do neoclassicismo, embora por vezes temporalmente coincidentes, os artistas românticos focaram-se.
No individualismo.
No misticismo.
Na expressão dos sentimentos individuais.
Na liberdade individual e criativa.
A ligação à Natureza e ao estado natural (na linha dos escritos de Rousseau e do “mito do Bom Selvagem”) estiveram presentes em muitas das pinturas do período Romântico.
O Romantismo teve ainda uma enorme influência na criação do conceito de preservação do Património histórico como veremos a seguir.
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O que foi o Romantismo e a inspiração na Idade Média
Para entender o que foi o Romantismo teremos de pensar na inspiração de muitos intelectuais e artistas na Idade Média enquanto procura das raízes nacionais.
A conjuntura política ligada às ideias de individualismo e no igualitarismo caraterizou-se por convulsões e revoluções como a revolução francesa.
E levou a redefinições geopolíticas tanto na Europa como noutros Continentes.
As ideias ligadas ao liberalismo e as expressões de nacionalismos tiveram também forte reflexo na arte romântica.
A busca, no passado, de ideários e estéticas que os fundamentassem foi importante nas referências artísticas.
Daí a inspiração em temas medievais que se manifestam nas artes plásticas e na literatura como são exemplo os romances de Victor Hugo e, em Portugal de Alexandre Herculano.
O que foi o Romantismo e o seu contributo para a salvaguarda do Património
As primeiras manifestações para a necessidade de salvaguarda do Património Histórico são coincidentes com a época em que se desenvolveu o Romantismo.
Victor Hugo foi um dos autores que manifestou estas preocupações a partir do seu romance Notre-Dame de Paris.
Encetou-se um caminho de restauro e preservação dos monumentos históricos que, embora com conceitos diferentes dos atuais, levaria ao debate, à teorização e à salvaguarda do Património.
Vários pensadores também elaboraram conceitos e teorias relevantes para o processo de restauro e preservação. Citam-se alguns dos mais relevantes.
Camillo Boito (1836-1914) – arquiteto italiano.
John Ruskin (1819-1900) – Crítico de arte inglês.
Alois Riegl (1858-1905) – um dos fundadores da história da arte como disciplina e autor da obra “Culto moderno dos monumentos”.
William Morris (1834-1896)– artista, escritor inglês e fundador da Society for the Protection of Ancient Buildings.
O que foi o Romantismo fora do contexto europeu
As ideias liberais e revolucionárias foram igualmente vividas fora do contexto europeu com alterações sociais e políticas marcantes que se refletiram na produção artística.
O que foi o Romantismo fora do contexto europeu? Onde se procuraram as referências nacionais e identitárias?
A arte refletiu também os conceitos de liberdade individual e criativa e de ligação à Natureza no seu estado selvagem.
Desenvolveram-se correntes artísticas próprias como por exemplo o indianismo na arte brasileira.
Como nos é dito no curso online História da Arte no Brasil.
A figura idealizada do “bom selvagem” foi um tema recorrente no final do período neoclássico, o nacionalismo de cenas épicas atingiu seu auge.
No final do século XIX, é perceptível que a rigidez do estilo acadêmico começa a ser abandonada em virtude da reação romântica assumida.
Com a Proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, os ânimos ficaram exaltados. A necessidade de uma linguagem nacional se fez ainda mais presente.
E se no neoclassicismo a figura idealizada do indígena é explorada, sobretudo em pinturas baseadas na literatura, com o romantismo essa representação se supera.
Não basta apenas apresentar o índio como o “bom selvagem”, é preciso se apegar à sua figura como a representação daquele que é profundamente nacional.
Muitos artistas acadêmicos abraçam técnicas e temáticas românticas, sobretudo como forma de procurar novos caminhos para uma arte genuinamente brasileira.
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Fátima Muralha
Licenciada em história, opcional história de arte. Pós graduação em gestão e valorização do património, especialização em gestão de projetos culturais. Vários cursos de especialização na área da valorização do património, gestão de projetos, museologia e formação profissional. Coordenação de vários projetos ligados ao património histórico e artístico. Autora de várias publicações e comunicações. Criação e coordenação do projeto Citaliarestauro.com.