Neste artigo vai ficar a conhecer o que foi o neoclassicismo e como se manifestou na arquitetura, em França e Inglaterra.
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O que foi o neoclassicismo
O neoclassicismo designa um movimento cultural surgido na Europa a partir de meados do Sec. XVIII perdurando até às primeiras décadas do Sec. XIX.
Manifestou-se em várias vertentes artísticas nomeadamente na arquitetura estando intimamente ligado às novas correntes intelectuais e filosóficas.
Os arquitetos do neoclassicismo apresentaram propostas estéticas completamente diferentes dos estilos arquitetónicos que os precederam.
Neste artigo sobre o que foi o neoclassicismo vamos abordar:
- como surgiu o neoclassicismo.
- alguns edifícios neoclássicos.
- em França.
- em Inglaterra
- as principais caraterísticas do neoclassicismo.
O que é o neoclassicismo – surgimento
O surgimento do neoclassicismo prende-se com um cansaço do fausto relativo ao exagero ornamental do Barroco e do Rococó.
Como é comum em história da arte um estilo surge como reação ao seu predecessor.
Por oposição ao excesso decorativo do barroco o neoclassicismo carateriza-se pelo regresso às formas austeras da Antiguidade.
As novas propostas estéticas, fortemente enraizadas no racionalismo filosófico refletiram-se de várias formas na produção artística, da música à literatura e pintura.
Aliados à época do Iluminismo os arquitetos estavam convencidos que era possível influenciar os homens através das formas arquitetónicas, motivando-os a uma atitude guiada pela razão e pela moral.
O que foi o neoclassicismo – a influência das formas clássicas
Em linhas claras, rigorosas e elegantes de corpos compactos, já conhecidos do Renascimento, o fascínio pelas construções clássicas era notório e passou a ser considerado exemplo de arte superior e a seguir.
Os arquitetos neoclássicos erigiram edifícios harmoniosos e racionais.
É notória a influência das regras arquitetónicas e matemáticas da Grécia Antiga, assim como, dos escritos de Vitrúvio.
As cidades romanas de Pompeia e Herculano
Para compreender o que foi o neoclassicismo é importante pensar não só no seu enquadramento intelectual e filosófico mas igualmente em alguns acontecimentos históricos.
Grande importância tiveram os desenhos publicados dos templos gregos e os escritos do arqueólogo alemão Johann Joachim Winckelmann.
Estes revelavam as escavações realizadas em Herculano (1738) e Pompeia (1748).
Estas cidades soterradas pelo Vesúvio no sul de Itália, originaram um gosto e fascínio pela antiguidade romana.
Roma tornou-se no local de encontro de artistas do neoclassicismo e originando o nascimento da arqueologia.
As obras de arte reencontradas levaram curiosos a Pompeia, Herculano e Paestum, e a Grécia e o Egipto causaram também entusiasmo aos artistas.
A cultura substituiu o culto
Não menos importante para compreendermos o que foi o neoclassicismo é entender o papel do Estado laico e as suas encomendas de novas tipologias de edifícios.
Hospitais, museus, bibliotecas, escolas, cafés, teatros, óperas, bolsas, bancos, repartições públicas e sedes de governo eram agora os grandes edifícios construídos.
Apresentavam fachadas semelhantes aos templos da antiguidade em edifícios de grandes dimensões, cingindo-se à função pública de encomenda estatal.
Deixaram-se praticamente de construir igrejas e palácios.
A influência clássica é clara em diversos edifícios emblemáticos em França e Inglaterra como veremos de seguida.
O que foi o neoclassicismo – edifícios neoclássicos
Em França
A influência destas descobertas é notória no primeiro edifício deste estilo a ser projetado em França.
A igreja dedicada a Sta. Genoveva (padroeira de Paris), foi construída entre 1764-1790 com o traço de Jacques-Germain Soufflot.
Inspirada no Panteão de Roma, na sua linguagem, fachada e cúpula, foi convertida em Panteão Nacional, após a Revolução em 1791.
Igualmente de traço romano temos, na mesma cidade, a Igreja da Madeleine (1806-42), de Barthélemy Vignon.
Destinada a comemorar as vitórias de Napoleão, e nitidamente influenciada nos templos romanos, assim como o Arco de Triunfo da Étoile (1806-36), também em Paris.
Em Inglaterra
Observa-se uma forte influência no arquiteto italiano maneirista Andrea Palladio, que teve em Robert Adam (arquiteto e decorador) o seu principal representante.
Autor de várias residências privadas em Londres como a Wynn House (em Saint James Square), Home House (em Portman Square) e a Portland Place, entre muitas outras.
O que foi o neoclassicismo – caraterísticas
Os arquitetos do neoclassicismo utilizaram os elementos construtivos clássicos (colunas, ordens e entablamentos) .
Adaptaram este estilo antigo às necessidades do seu tempo, conciliando-o com os novos sistemas construtivos, maquinarias e materiais.
A decoração era discreta e reduzida ao mínimo, em edifícios austeros e rigorosamente simétricos, de fachadas longas onde predominava o eixo central e a forte horizontalidade, reforçada pelos telhados retilíneos coroados por urnas ou esculturas e pela ausência de torres e cúpulas, onde ao contrário dos templos gregos a fachada não era pintada.
Os relevos revestiam frontarias de edifícios públicos e privados, copiando as formas de representação dos modelos clássicos, com roupagens e poses semelhantes às dos deuses.
No interior, pinturas murais e relevos em estuque, influenciados pelas casas de Pompeia e Herculano, decoravam as estruturas.
Utilizaram materiais nobres como o mármore, o granito e a madeira, entre alguns modernos como o ladrilho cerâmico e o ferro fundido.
As plantas eram de formas geométricas baseadas no quadrado e no círculo.
Construíram-se jardins à francesa (geométricos) e à inglesa (simulação da natureza no seu estado natural, irregular e espontâneo).
Os jardins eram o remate final para a unidade pretendida na arquitetura do século das Luzes.
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Diana Ferreira
Licenciada em História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e mestre em Museologia em Espanha (Valladolid).
Trabalhou na Galleria Nazionale d’Arte Moderna di Roma e na direção da Galleria dos Uffizi, em Florença.
Bolseira diversas vezes com projetos de estudo e trabalho em Itália e Espanha, foi formadora e professora responsável pela disciplina de História da Arte no Porto, e de Introdução à História da Arte, Iconografia e História da Arquitetura, na Academia de Arte em Florença.
Em 2014 publicou o livro Guia dos Tesouros Arquitetónicos. Lisboa, Chiado Editora, 2014, fruto de uma investigação aprofundada sobre os temas.