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o que é arte na filosofia
É na filosofia da arte que encontramos um apanhado de saberes que podem auxiliar nessa reflexão.
No livro A Obra de Arte: Ensaios Sobre a Antologia das Obras, Michel Haar seleciona e discute alguns pressupostos filosóficos da arte ao longo do tempo. E ele afirma:
“Toda obra de arte é, tanto primeiramente como em última análise, unidade indissociável do sentido e do sensível”.
Podemos organizar, com base nos escritos de Haar, um pequeno resumo sobre a ideia de arte na filosofia.
O que é arte para Platão
A imagem artística é inadequada ao ser (à ideia) e ao ente (coisa representada).
O que é arte para Aristóteles
A arte não é apenas uma representação do que as coisas são, mas também ao que parecem ser, o verossímil, ou ao que deveriam ser, o ideal.
O que é arte para Kant
A arte produz, sem dúvida, o prazer estético, que é puro prazer de reflexão e não prazer de fruição.
Mas a natureza produz muito mais este puro prazer.
O que é arte para Schopenhauer
Uma obra de arte é ao mesmo tempo um objeto e uma ideia.
A arte é um meio destinado a facilitar o conhecimento que constitui o prazer estético.
O que é arte para Schelling
Se uma obra representa apenas o particular e não o infinito e universal, ela não é digna de ser chamada de obra de arte.
O que é arte para Hegel
A arte deve expressar a universalidade dos sentimentos.
Ela perece quando se compromete com a pintura de traços puramente individuais.
O que é arte para Nietzsche
A busca do artista consiste na contradição Apolo x Dionísio:
Ser, permanência e estabilidade versus devir, destruição e mudança.
Na mitologia grega, Apolo e Dionísio são ambos filhos de Zeus. Apolo é o deus da razão e o racional, enquanto que Dionísio é o deus da loucura e do caos.
O que é arte para Benjamin
A obra de arte – e sua consequente crítica – é uma exercício de aproximação da Verdade.
Esses conceitos, amplamente discutidos e resgatados na filosofia da arte, servem para oferecer um caminho sobre o que é arte .
Note que os discursos se cruzam e se opõem, justamente porque cada autor estava inserido em um contexto histórico diferente.
Esse é um ponto fundamental para se compreender a obra de arte e o que a caracteriza. Xavier Greefe, em Arte e Mercado, diz que:
“Hoje é grande a confusão sobre saber o que é uma obra de arte e quais são os seus limites. As obras de arte nascem como tal ou tornam-se assim porque um “diretor” assim decidiu ou porque casas especializadas, chamadas de instituições artísticas, as apresentaram como tal? (...) Que a obra faça parte da ars ou da techne, ela é, de qualquer modo, produto de uma aptidão humana”.
Sendo produto de uma aptidão humana, torno a dizer: a arte questiona, problematiza e responde ao seu próprio tempo.
O que não implica dizer que obras de arte do século XV não falem de problemas atravessados por nós.
Boas obras de arte sempre terão esse caráter de universalidade e atemporalidade.