o que é uma obra de arte | como interpretar?

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Uma pequena reflexão sobre interpretação de obras de arte

A interpretação de obras de arte consiste na análise dos elementos contidos na mesma. Desta forma o espetador compreenderá melhor o que o artista queria transmitir quando produziu a obra de arte .

David, de Miguel Ângelo

David, de Miguel Ângelo, uma das obras primas do renascimento

A interpretação de obras de arte é pois um processo complexo e nem sempre fácil de conduzir. Não nos devemos esquecer que uma obra de arte é um objeto de fruição estética mas igualmente um testemunho e uma fonte histórica relativamente à época em que foi produzida. Transmite assim sensações e emoções mas igualmente informação histórica relevante.

O papel do observador

Também não nos podemos esquecer que na interpretação de obras de arte o observador tem já interiorizada uma Análise de obras de arte - curso online da Citaliarestauro grande quantidade de informação.

Relativa à obra, ao artista, ao estilo ou movimento artístico. O que significa que quando o observador tem o primeiro contacto com uma obra raramente a sua reação é estritamente sensorial ou emocional.

A primeira reação do observador na interpretação de obras de arte

Perante uma obra de arte famosa , por exemplo, teremos do observador a reação emocional mas também a identificação dos elementos históricos presentes (que vão das imagens à técnica e cores). Esta primeira leitura é “filtrada” pela experiência e informação interiorizada pelo próprio observador (de forma consciente ou não).

o que é uma obra de arte

Se quisermos tentar responder à questão: o que é uma obra de arte teremos de pensar que esta é simultaneamente:

  • objeto (um objeto físico com todos os aspetos relativos à sua materialidade).
  • mensagem (o que o autor quis transmitir).
  • informação (o que revela relativamente ao contexto de produção).
  • sensação e emoção (o que o observador sente perante a obra).
  • interpretação (o que o observador “lê” de acordo com as suas experiências, de forma consciente ou não).

Seguidamente Yolanda Silva dá algumas indicações sobre interpretação de obras de arte e os aspetos gerais a considerar.

Sobre o que é arte e como este conceito é definido. Pode estar interessado no artigo "O que é arte".

interpretação de obras de arte

Como nos diz Heidegger (A Origem da Obra de Arte):

«A obra dá publicamente a conhecer outra coisa, revela-nos outra coisa; ela é alegoria. À coisa fabricada reúne-se ainda, na obra de arte, algo de outro. (…) A obra é símbolo.»

Pode ler um resumo neste link.

Desdobrar o pensamento do artista

Desta forma, e seguindo o raciocínio de Heidegger, torna-se necessário, ao fazer a interpretação de obras de arte , desdobrar o pensamento do artista no momento da feitura da sua obra. Esta leitura vai retirar o carácter de «coisa» (das Dinghaft, segundo Heidegger) para transformá-la em algo mais. Análise iconográfica e simbólica - cursos online

A obra é madeira, é pedra, é tela, sim; mas, não apenas. Ela tem esse elemento «coisal», mas é ainda algo mais, porque há um significado intrinsecamente ligado à «coisa»; um significado que foi atribuído pelo próprio artista quando trabalhou a madeira, esculpiu a pedra ou pintou a tela.

Assim, devemos buscar a verdadeira essência reinante na sua produção, analisando cada pormenor de produção, atentamente, e «perguntarmos à obra o que é e como é» (Heidegger).

como analisar uma obra de arte

Então como analisar uma obra de arte qualquer que seja a sua natureza ou técnica.

o que é uma obra de arte interpretação

A análise pode ser objectiva (ou visual), em que se descreve os elementos como são vistos, ou subjectiva (ou simbólica), que descreve os nossos sentimentos aquando da visualização da obra.

Podemos ainda analisar uma obra segundo um ponto de vista formal (ou estético) que analisa toda a sintaxe visual (composição), com contexto histórico, temática, organização de elementos – o que envolve uma pesquisa mais abrangente.

a leitura de uma obra de arte

Como uma leitura pode ser muito dependente das sensações que provoca em cada um de nós, encontram-se estabelecidos alguns elementos-base para a leitura de uma obra de arte. Assim, há que ter em conta estes critérios comuns: épocatécnicatema e recursos utilizados pelo artista.

a pesquisa prévia

Assim, e sempre que necessário recorrendo à pesquisa, antes de iniciar a leitura propriamente dita, devemos:

1)      Obter dados sobre o autor (como data de nascimento e morte, origem social, formação, outras obras);

2)      Reconhecer o assunto (cena religiosa, histórica, mitológica, alegórica, retrato, paisagem,…; se se encontra exposta, e qual foi a sua primeira aparição pública, etc.);

3)      Analisar o assunto (ou seja: uma descrição do que se encontra representado, lugares, enquadramentos, personagens, acções, etc.).

Se for o caso, também podemos acrescentar dados relativos ao local onde se encontra, criando uma legenda breve: autor, título, data de execução, suporte, dimensões, lugar de conservação/exposição.

a importância do registo na interpretação de obras de arte

Quando descrevemos uma obra, devemos começar por anotar as nossas primeiras impressões. Poderão ajudar-nos numa fase posterior de interpretação de obras de arte . Contudo, há que ter em conta que devemos sempre justificar as nossas conclusões de modo que outros consigam relacionar-se com elas e, assim, entendê-las. Podemos, por exemplo, estabelecer comparações entre obras ou mesmo entre artistas e considerar alternativas que poderiam ter sido escolhidas pelos artistas ou o que terá afectado as suas escolhas naquela obra em particular.

Por fim, deveremos concluir a nossa análise com uma descodificação dos significados (reais ou simbólicos) da obra em análise.

E lembrem-se: tudo aquilo que for realmente observável na obra é digno de nota e motivo para análise.

Cursos online e e-books da autora

Yolanda Silva - autora na Citaliarestauro

Yolanda Silva

Licenciada em História da Arte (Faculdade de Letras da Universidade do Porto). O seu percurso profissional levou-a a trabalhar no Arquivo Histórico Municipal do Porto e no Museu do ISEP, na inventariação e conservação de colecções fotográficas. Deambulou pelo mundo dos antiquários e do turismo, até se tornar formadora/tutora profissional, dedicando-se às áreas da História da Arte, Iconografia e Conservação de Fotografia. Tem vários trabalhos escritos / publicados nas áreas da História da Arte, Iconografia e Conservação.

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