A crítica
Mas nem todos tiveram a mesma reação de Mário. Ao ficar diante das pinturas O Homem Amarelo e Mulher de Cabelos Verdes, o crítico de arte e escritor Monteiro Lobato fez severas críticas às obras de Anita Malfatti .
Anita Malfatti,. Mulher de Cabelos Verdes, 1916, Coleção Particular.
Em um artigo intitulado Paranóia ou Mistificação? A propósito da exposição de Anita Malfatti o autor de Sítio do Pica Pau Amarelo foi incisivo: Anita possuía talento, mas se deixou levar pelas “extravagâncias de Picasso e companhia” e que por isso colocou todo seu talento “a serviço de uma nova caricatura. Lobato afirma que as pinturas ditas modernas, de que fazem parte as vanguardas artísticas, nada tinham de bonitas e que aqueles que porventura tivessem elogiado a obra de Anita estariam tão seduzidos e errados quanto ela. Pense que estamos falando de 1917, quando a opinião da crítica era mais uma espécie de “sábios ensinamentos” para uma elite recém-formada.
Claro que isso foi um golpe para Anita, que apesar de esperar críticas, provavelmente não esperava algo nesse tom.
O artigo de Monteiro Lobato, porém, foi um fator determinante, para o bem e para o mal.
Por um lado, essas críticas fizeram com que um grupo de artistas, escritores, pintores e músicos percebessem que o Brasil realmente precisava romper com uma velha tradição e se encontrar com o novo, com o moderno, estar afinado às mudanças estéticas que aconteciam em outras partes do mundo. Esse desejo teve sua culminância – e ponto de partida, ao mesmo tempo – na já mencionada Semana de 22.
Por outro lado, o artigo de Monteiro Lobato deixou Anita Malfatti insegura com relação a sua atitude estética. A partir de então, a artista já não trabalha tanto com a estética expressionista, pelo menos não como nas obras que expôs em 1917.
Anita Malfatti, La Rentreè, 1927, coleção particular
Repare, por exemplo, na obra La Rentrèe, de 1927 (ou seja, uma década após a primeira exposição individual).
A sinuosidade e a agonia desapareceram, as linhas intensas e a deformação são apenas uma lembrança. Suas cores, entretanto, permanecem. A artista continua compondo com tons diferentes de verde, amarelo e alguns tons de ocre, algo que pode ser considerado uma marca no trabalho dela.
O Reconhecimento
Logo após a Semana de 22, Anita seguiu para a França, onde produziu principalmente retratos e algumas paisagens. Estas obras de Anita Malfatti pouco ou nada tinham a ver com o expressionismo ao qual ela se dedicara em seus primeiros anos.
Em 1928 ela voltou ao Brasil e o que aconteceu em seu retorno foi uma recepção completamente diferente. Afinal, o interesse agora era justamente nas obras de arte moderna.
Aclamada como uma grande artista, ela foi convidada a dar aulas de desenho e pintura e fez isso em vários lugares, além de ensinar História da Arte também.
Em 1963, um ano antes de sua morte, Anita teve uma sala inteira da Bienal de Artes de São Paulo dedicada a ela e até hoje é uma das artistas bem lembradas no país. Um reconhecimento justo à primeira pintora moderna do Brasil.
1 Comentário.
[…] ainda durante suas primeiras aulas de arte no Brasil, com Pedro Alexandrino, que Tarsila conheceu Anita Malfatti, com quem mais tarde formaria o Grupo dos Cinco, que contou ainda com Mário de Andrade, Oswald de […]