Chamamos iluminuras aos ornamentos presentes nos livros e manuscritos efetuados com recurso a desenho, pintura e aplicação de folha metálica.
Esses ornamentos incidiam frequentemente nas letras iniciais decoradas com símbolos religiosos e eram, na época medieval, executados essencialmente por monges.
Os textos tinham uma letra desenhada que estava inserida no início (letra capitular ou inicial).
Estavam tão bem desenhadas e cheias de detalhes que eram verdadeiras obras de arte, e elas próprias contavam histórias.
Os temas favoritos abordavam cenas bíblicas, os passos da paixão de Cristo, episódios da vida dos Santos e cenas mitológicas.
Chegaram até nós alguns riquíssimos exemplares de livros iluminados, infelizmente muitos outros de perderam ao longo do tempo.
Conheça alguns exemplos de iluminuras famosas.
Iluminuras – abrangência da expressão
O termo iluminura é geralmente empregue para designar todo o conjunto pictórico de caráter decorativo ou ilustrativo que acompanhava os textos dos códices e dos livros manuscritos do período medieval.
No entanto, a sua aplicação tem vindo a ser gradualmente alargada, cronológica e geograficamente, de forma a englobar manifestações artísticas muito mais variadas.
Temos como exemplo as iluminuras originárias do Egito e do mundo muçulmano e hindu.
As mais famosas iluminuras em Portugal
Em Portugal, o mais importante manuscrito iluminado que chegou até aos nossos dias é o Apocalipse do Lorvão.
Datado de 1189, terá sido realizado no Mosteiro do Lorvão, perto de Coimbra.
Encontra-se atualmente no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, e foi considerado Memória do Mundo pela UNESCO.
Apocalipse do Lorvão (os quatro cavaleiros)
A história das iluminuras
Os mais antigos testemunhos de iluminura remontam ao Antigo Egito, como referido anteriormente.
Nesta civilização realizavam-se ilustrações em rolos de papiro, acompanhando textos hieroglíficos, como é o caso do “Livro dos Mortos“.
EStas ilustrações eram executadas para personagens importantes da sociedade (soberanos, aristocratas, sacerdotes, etc).
Secção do Livro dos Mortos do escriba Nebqed, cerca de 1300 a.C.
A tradição da ilustração manteve-se durante o período helenístico num dos centros mais ativos do mundo mediterrânico, a Biblioteca de Alexandria.
Iluminuras – Cristianismo e Idade Média
Durante os primeiros tempos do cristianismo foram realizados muitos livros mas poucos exemplares sobreviveram até hoje, à exceção de algumas Bíblias do século VI.
Mais tarde, entre os séculos VII e IX, esta forma artística teve grande desenvolvimento nos mosteiros isolados irlandeses e ingleses que, posteriormente, a transmitiram ao resto da Europa.
A partir do século X acentuou-se a tentativa de integração dos textos com as imagens, através da adoção de esquemas compositivos muito diversificados e mais complexos.
Para além das imagens de sentido narrativo, era frequente o uso de elementos ornamentais, em forma de molduras ou de frisos, de caráter abstrato-geométrico ou vegetalista, que articulavam as ilustrações com o texto.
Na época gótica, a produção de iluminuras expandiu-se bastante.
Abandonou o ambiente restrito dos scriptorium dos mosteiros, para se desenvolver, em algumas cidades importantes, numa profissão autónoma que se organizava em guildas ou corporações.
Nesta época, os livros manuscritos, quer de caráter religioso quer profano, eram executados por encomenda de famílias ricas, da nobreza ou dos próprios reis.
Após o Sec. XV
A produção de manuscritos iluminados entrou em declínio após a invenção da imprensa em meados do século XV.
Apenas se realizavam alguns exemplares por encomenda de mecenas, geralmente em Itália e na Flandres, ao estilo renascentista.