Estará na hora de repensar a proteção do patrimonio cultural com um olhar realista sobre os grandes riscos que atualmente se colocam. Depois do incêndio no Museu do Rio de Janeiro e na Catedral de Notre Dame chega-nos hoje a notícia da destruição pelo fogo do Castelo de Shuri, em Okinawa, no Japão. Com mais de 500 anos foi classificado como Património Mundial pela UNESCO em 2000.
Pode acompanhar a notícia aqui.
Mais uma enorme perda para a história e património da humanidade. E com enorme impacto mediático em todo o mundo.
Estes desastres levam as entidades oficiais a diagnosticar causas e a repensar diretrizes e legislação para a proteção do património cultural e geram uma onda de indignação e tristeza.
proteção do património cultural | há casos e casos…
Quando falámos neste site, com o contributo de colegas do Brasil, sobre o incêndio do Museu no Rio de Janeiro de imediato se atribuíram as causas ao descaso por parte das entidades oficiais relativamente à proteção do património cultural . Aos orçamentos limitados, ao deficiente funcionamento dos meios de combate a incêndios, à não aprovação de verbas para obras de remodelação e modernização, etc, etc. E sem dúvida que se tudo isso tivesse funcionado ter-se-ia evitado uma das maiores perdas para a história do Brasil e do Mundo.
Mas o que dizer sobre a Catedral de Notre Dame? Um dos monumentos mais visitados do mundo e, consequentemente, um dos mais rentáveis em termos económicos e, à partida, com os meios e atenção necessária à prevenção de riscos.
E sobre o Castelo de Shuri? As autoridades de Okinawa teriam seguramente implementados meios de proteção do património cultural e de gestão de riscos.
e outros casos…
Sem o mesmo impacto mediático tem acontecido a destruição de património cultural um pouco por todo o mundo.
repensar a proteção do património cultural
Quando estes eventos ocorrem procuram-se causas e responsabilidades. Os organismos oficiais alteram legislações e libertam meios para reconstrução. Geram-se correntes de solidariedade e surgem donativos. Em suma, há reação.
Mas as catástrofes não se evitam com reação mas sim com prevenção.
E a prevenção e gestão de riscos deverá ser adequada e eficaz relativamente aos riscos e problemas reais que se colocam à proteção do património cultural atualmente.
Não há coincidências! A sucessão de desastres de dimensão e impacto mediático variável mas sempre representando perdas inestimáveis para a nossa memória coletiva não é um acaso.
E os desafios que se colocam a todos quantos têm a responsabilidade de velar pela proteção do património cultural – e essa responsabilidade é mesmo de todos – são provavelmente muito maiores do que imaginamos.
A necessidade de implementar mecanismos de prevenção e gestão de riscos em património cultural é cada vez maior. Mas é igualmente necessário repensar quais são efetivamente os riscos e a dimensão que podem atingir.
Será provavelmente também necessário repensar a relação de todos nós com o património cultural e ir mais além. Passar das indispensáveis políticas de prevenção para uma mentalidade de prevenção.
Muito obrigada pela sua atenção.
Fátima Muralha
Vários organismos têm desenvolvido trabalhos de grande valia para a prevenção de riscos, nomeadamente de riscos de incêndio.
Nesta ligação pode descarregar os guias de Prevenção de riscos em edifícios de valor patrimonial disponibilizados pela Junta de Castilla y Leon, em Espanhol e Português.
A sua opinião e contributo:
Pensa que é possível desenvolver uma mentalidade de prevenção de riscos e proteção do património cultural? Com que medidas?
Tem conhecimento de outros trabalhos (guias ou trabalhos técnicos) relativos à proteção do património que sejam úteis a todos os colegas? Pode partilhar link nos comentários ou enviar para geral@citaliarestauro.pt para divulgação.
6 Comentários.
O instituto brasileiro de museus vem emplementando um programa pioneiro para gerenciamento ao patrimônio museológico.
Acesse:
http://www.museus.gov.br/ibram-publicacao/cartilha-de-gestao-de-riscos-ao-patrimonio-musealizado-brasileiro-recebe-versao-em-espanhol-v-2017/
Boa tarde,
Vamos partilhar ambas as versões pois temos também muitos colegas de língua espanhola que nos acompanham.
Muito obrigado!
[…] el artículo que publicamos recientemente "Estará na hora de repensar a proteção do patrimonio cultural?" vVarios colegas han compartido su opinión y documentos útiles sobre este tema tan […]
Boa noite, entre os riscos coincidência ou não no geral são instalações elétricas mal dimensionadas,ou aparelhos eletricos, o que seria evitável com mais precauções, e pessoal vigilante e equipamentos de prevenção e combate instalados , já que estabelecimentos conhecidos cobram valores aviltantes de visitação, em geral na Europa,poderiam disporem de tais, o que aqui em Brasil qualquer supermercado já dispõe de tudo automatizado contra chamas.
Bom dia, A adaptação e revisão dos sistemas elétricos é sem dúvida um dos aspetos mais importantes na prevenção de incêndios e muitas vezes descurados. Esperemos que este seja mais um alerta para os responsáveis pelos espaços mas também para a as entidades responsáveis pela fiscalização.
Muito obrigadao pelo seu comentário.
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