Como implementar um programa de gerenciamento de riscos em museus: 4 pontos a ter em consideração
A preservação de coleções de obras de arte e a conservação preventiva requer a implementação de um programa de gerenciamento de riscos seja em contexto museológico ou particular.
Dependendo da dimensão da coleção, de tipologia e diversidade de peças e das sua condições de exposição / armazenagem, esta tarefa pode ser mais ou menos trabalhosa.
Mas utilizando a metodologia e ferramentas de registo adequadas será simples.
Vamos então partilhar a metodologia proposta pela colega Susana Mota no Curso Online Conservação Preventiva.
4 pontos chave para um programa de gerenciamento de riscos em museus
- Identificação dos riscos da coleção
- Avaliação do risco
- Identificação de possíveis estratégias para atenuar os riscos
- Avaliar os custos e benefícios de cada estratégia
Pode ver uma síntese desta metodologia no vídeo abaixo. Seguidamente desenvolvemos os conceitos e partilhamos algumas ferramentas úteis.
1. Identificação dos riscos da coleção
Esta identificação é efetuada partindo da análise dos 10 agentes de deterioração:
- Forças físicas.
- Ação criminosa.
- Fogo.
- Água.
- Ataque biológico.
- Poluentes.
- Luz e radiação.
- Temperatura incorreta.
- Humidade relativa incorreta.
- Negligência.
Cada um destes agentes de deterioração pode manifestar- se de acordo com uma classificação do risco tendo por base a análise da frequência da ocorrência e o grau de efeito / intensidade no objeto e coleções
Consideramos assim, e de uma forma geral, 3 tipos de risco:
- risco raro e de efeito catastrófico.
- risco de ocorrência moderada mas de intensidade grave.
- risco de ocorrência constante e de intensidade moderada.
Dentro dos riscos gerais, existem riscos que são específicos para um determinado tipo de museu, coleção, localização geográfica, …
Assim, com a apresentação do quadro seguinte pretendemos clarificar esta identificação de risco, dando exemplos concretos da sua aplicabilidade. (carregue para descarregar tabela em Pdf).
MATRIZ DE INTENSIDADE DE RISCO
2. Avaliação do risco
Para planear estratégias e reduzir o impacto das ocorrências é necessário prever e avaliar a ação dos fatores de risco.
É também necessário registar as ocorrências (por exemplo: falhas de equipamento, inundações, sismos ou derrocadas) de forma a estimar por alto a frequência com que as mesmas ocorrem.
Avaliar os riscos e a sua probabilidade de ocorrência significa uma diminuição das despesas, mas, principalmente, uma diminuição dos danos (muitas vezes irreversíveis) nos bens culturais.
Os efeitos que os fatores de risco podem causar está dependente da materialidade dos objetos. Utilizando uma forma de registo simples, apresentamos um exemplo de tabela que poderá servir como uma ferramenta de avaliação dos riscos.
Esta tabela permite-nos analisar de forma rápida a vulnerabilidade dos materiais face ao risco, atribuindo uma escala de de 1 a 5, sendo 5 para os casos de maior risco e 1 para o de menor risco.
3. Identificação de possíveis estratégias para atenuar os riscos
Existem 3 meios básicos para atenuar o risco:
- Eliminar a fonte de risco.
- Estabelecer uma barreira.
- Atuar sobre o agente responsável pelo risco.
4. Avaliar os custos e benefícios de cada estratégia
Na implementação de um programa de gerenciamento de riscos temos sempre de ter em consideração a relação de custo / benefício de cada estratégia / ação.
Esta avaliação só poderá ser realizada tendo por base uma correta avaliação dos riscos conforme a metodologia acima descrita.
O Canadian Institute for Conservation disponibiliza documentação técnica aprofundada sobre gestão de riscos em Museus. Pode consultar AQUI