Quer fazer uma visita guiada ao requintado e luxuoso Palácio de Vila Viçosa ?
Apesar de ter pouco mais de 8 mil habitantes, a cidade de Vila Viçosa tem um património histórico, cultural e natural invejável. O impressionante Palácio ducal encontra-se definitivamente entre os monumentos a visitar nesta surpreendente cidade!
Vila Viçosa
Apesar de ter pouco mais de 8 mil habitantes, a cidade de Vila Viçosa tem um património histórico, cultural e natural invejável.
Esta requintada cidade alentejana localiza-se numa região rica em estanho e mármore e foi o berço de personagens ilustres da história e da cultura portuguesas. Desde o grande estratega militar D. Nuno Álvares Pereira (1360-1431) ou a princesa D. Catarina de Bragança (1638-1705), até ao talentoso e promissor pintor Henrique Pousão (1859-1884), passando pela grande poetisa Florbela Espanca (1894-1930) e terminando no ilustre matemático Bento de Jesus Caraça (1901-1948).
Além do antigo Castelo, construído no reinado de D. Dinis (1279-1325) e restaurado durante as Guerras da Restauração (1640-1668), e da belíssima Igreja de Nossa Senhora da Conceição – consagrada à Virgem Maria, outrora protetora do Reino de Portugal e atual padroeira de Vila Viçosa – o impressionante Palácio ducal encontra-se definitivamente entre os monumentos a visitar nesta surpreendente cidade!
O Palácio de Vila Viçosa
A construção do Palácio dos duques de Bragança, em estilo gótico tardio e mudéjar, iniciou-se no ano de 1501 por iniciativa do 4º duque de Bragança, D. Jaime I (1479-1532), um homem culto que, apesar de ter executado a sua própria esposa por suspeitas de traição, concedeu uma educação humanista aos seus filhos.
O Palácio foi sendo ampliado, restaurado e decorado pelos diferentes duques de Bragança e a sua construção só terminou realmente no século XVIII.
O duque D. Teodósio I (1510-1563) – um autêntico príncipe do Renascimento, colecionador de antiguidades, amante de livros e protetor de artistas – ornamentou-o com pinturas murais, azulejos e tapeçarias.
Mais tarde, o duque D. Teodósio II (1568-1630) – que lutou com 10 anos na batalha de Alcácer-Quibir – adicionou-lhe a imponente fachada em mármore azul e branco alentejano que concedeu ao edifício um estilo italianizante.
Os Bragança: de família ducal a família real
A partir de 1640 – após o golpe palaciano e a consequente Restauração da Independência de Portugal contra a família dos Habsburgos espanhóis – este Palácio ducal transformou-se em Palácio real devido à ascensão ao trono de D. João, o 8º duque da Casa de Bragança, a mais influente e poderosa casa nobre do Reino.
O duque D. João, cuja estátua equestre se encontra situada no centro da praça diante do Palácio de Vila Viçosa , tornou-se assim rei com o título de D. João IV (1604-1656).
Consequentemente, iniciou-se a quarta e última dinastia real portuguesa que governou em Portugal até ao final do regime monárquico.
Utilizado por D. José I (1714-1777) e D. Maria I (1734-1816), que aí se deslocavam para caçar, o Palácio de Vila Viçosa sofreu com a ausência da corte de Portugal e permanência no Brasil (1807-1821), com as invasões francesas (1807-1811) e finalmente com a guerra civil portuguesa travada entre liberais e absolutistas (1832-1834).
Após as obras de recuperação financiadas por D. Fernando II (1816-1885) e continuadas pelo seu filho, o rei D. Luís I (1838-1889) – nas quais as casas de banho e algumas lareiras foram adicionadas – as visitas da família real ao Palácio de Vila viçosa tornaram-se mais frequentes.
O Palácio de Vila Viçosa e a Implantação da República
Com a implantação da Primeira República, a 5 de outubro de 1910, o Palácio foi encerrado e apenas reabriu portas nos anos 40 do século XX por vontade expressa no testamento de D. Manuel II, o último rei de Portugal.
Muitas obras anteriormente confiscadas pelo governo republicano foram devolvidas à Casa de Bragança pela Ditadura Militar e encontram-se hoje em exposição no Palácio.
Atualmente, o Palácio de Vila Viçosa é gerido pela Fundação da Casa de Bragança que controla também a Tapada Real, uma área florestal de aproximadamente 1500 hectares na qual ainda existe uma grande variedade de veados, gamos e javalis.
Palácio de Vila Viçosa – o interior
O interior é simplesmente fabuloso: as coleções de pintura, escultura, mobiliário e cerâmica são excelentes!
Os azulejos e as tapeçarias de Bruxelas e Aubusson que revestem e decoram as paredes; os frescos e as pinturas dos tetos das salas – como os retratos dos duques no teto da famosa Sala dos Tudescos, de Domenico Duprà (1689-1770); as cadeiras indo-portuguesas e os armários holandeses; as peças de escultura da autoria de Teixeira Lopes (1866-1942) ou de Leopoldo de Almeida (1898-1975); os tapetes persas de Isfahan e as lareiras em mármore indicam-nos de que estamos sem dúvida num dos palácios mais sofisticados de Portugal.
A visita geral ao Palácio de Vila Viçosa é sempre guiada, em diferentes horários e idiomas, demora aproximadamente 45 minutos e termina na cozinha, a qual alberga uma vastíssima coleção de mais de 500 utensílios em cobre!
Além do bilhete geral terá, se assim o desejar, que pagar um extra para visitar o:
1) núcleo de armaria, que alberga uma coleção notável de cerca de 2 mil peças de origem europeia, oriental, africana e americana, entre elmos, espadas e pistolas, muitas delas oferecidas aos membros da Casa Real;
2) a coleção de porcelana chinesa;
3) o Museu das Carruagens, cujas berlindas, viaturas de gala e outros veículos de tração animal rivalizam com o Museu Nacional dos Coches de Lisboa;
4) o Tesouro dos duques;
5) e os Museus de Caça e Arqueologia, que estão instalados dentro do Castelo de Vila Viçosa, o qual também pertence à Fundação.
Palácio de Vila Viçosa – A coleção de pintura
A família Bragança cultivou sempre o gosto pelas artes e pela música.
Vai encontrar diversos retratos de pessoas reais – como o célebre retrato da Rainha D. Amélia da autoria de Veloso Salgado (1864-1945), em baixo apresentado – ou quadros realizados por outros grandes pintores portugueses, como José Malhoa (1855-1933) ou Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929), o irmão do grande ceramista e caricaturista Rafael Bordalo Pinheiro (1846-1905).
No Palácio de Vila Viçosa destacam-se também os quadros realizados pelo próprio rei português D. Carlos I, como o famoso Sobreiro em baixo apresentado. Refira-se, que na época, D. Carlos I (1863-1908) era um excelente pintor!
Palácio de Vila Viçosa – A coleção de porcelana chinesa
Além de faiança portuguesa das fábricas de Miragaia ou do Rato, de peças de cerâmica italiana do século XVI ou de louças de Delft e da Vista Alegre, o Palácio de Vila Viçosa dispõe também de uma grande coleção de jarras, pratos ou potes de porcelana chinesa dos séculos XVI e XVII.
Trata-se de porcelana branca e azul-cobalto, de enorme qualidade e na qual são visíveis representações de pessoas, animais ou plantas orientais.
O comércio constante com o Oriente aumentou as encomendas das elites portuguesas que estavam fascinadas por este tipo de peças de porcelana cuja posse lhes conferia prestígio social.
O quarto de D. Carlos I
Antes de serem assassinados no dia 1 de fevereiro de 1908, na Praça do Comércio em Lisboa, o rei D. Carlos I e o seu filho mais velho, o príncipe herdeiro D. Luís Filipe, passaram a última noite neste Palácio.
A visita inclui a passagem pelos quartos de D. Carlos I e da rainha Dona Amélia, o que é sem dúvida um dos momentos altos.
Esta ala do Palácio de Vila Viçosa , que passou a ser usada após a coroação de D. Carlos I, em 1889, inclui ainda os quartos de vestir, os respetivos escritórios e outras salas de convívio.
Uma vez terminada a visita ao Palácio de Vila Viçosa , e antes de sair pela célebre Porta dos Nós, não se esqueça de admirar os belos jardins talhados em estilo francês onde outrora passearam os duques e duquesas e onde no passado foram plantadas plantas aromáticas que posteriormente eram utilizadas para cozinhar ou para preparar medicamentos caseiros!
Pode conhecer detalhes de visita ao Palácio de Vila Viçosa no site oficial.
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Nuno Alegria
Licenciado em História pela Faculdade de Letras de Lisboa, pós-graduado em História Contemporânea pela Faculdade de Letras de Coimbra e em Tour Guiding pelo Instituto de Novas Profissões (INP). Guia-Intérprete oficial, fluente em inglês, francês e espanhol, trabalha para a Parques de Sintra e para diversas agências de viagens realizando circuitos turísticos culturais por museus e monumentos de todo o país.
1 Comentário.
[…] sistemas defensivos, edificados na época em forma estrelada em Elvas, Vila Viçosa, Estremoz e Campo Maior, para além de outros em Juromenha, Monsaraz, Almeida ou Valença do Minho, […]