O projeto do Museu de São Paulo MASP deve-se a uma mulher do outro lado do Atlântico, a italiana Lina Bo Bardi que, em 1946, foi viver para o Brasil e “se encantou”.
“No meio da Avenida tinha um museu”.
E ainda tem.
Em vermelho e magnífica, a estrutura não passa despercebida: é uma imensa construção com 70 metros de vão livre, vidro e concreto, bem ali, no meio da Avenida Paulista.
No interior do museu estão algumas das obras de arte mais importantes do Brasil e do mundo. O acervo é de uma riqueza imensurável – El Greco e Picasso junto de Portinari e Malfatti, passando por Van Gogh, Degas e tantos outros nomes que, juntos, construíram e deram os rumos da arte moderna ao redor do mundo.
Com isso, o museu celebra uma característica brasileira: o país foi construído por todos os povos do mundo.
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E o projeto do museu, diga-se de passagem, deve-se a uma mulher do outro lado do Atlântico, a italiana Lina Bo Bardi.
Lina Bo Bardi
Nascida em Roma, em 1914, Lina formou-se em Arquitetura na cidade natal e em seguida mudou-se para Milão, onde abriu seu próprio escritório.
Em 1943, um episódio trágico acontece: o escritório de Lina é bombardeado durante a Guerra.
Membro do Partido Comunista Italiano, ela participa do movimento de resistência à invasão alemã em seu país.
Com o fim da Guerra, Lina se muda para o Brasil com o marido, o jornalista Pietro Maria Bardi. Estamos em 1946.
A arquiteta se encantou com o Brasil e declarou:
“Naturalizei-me brasileira. Quando a gente nasce, não escolhe nada, nasce por acaso. Eu não nasci aqui, escolhi este lugar para viver.
Por isso, o Brasil é meu país duas vezes, e eu me sinto cidadã de todas as cidades, desde o Cariri ao Triângulo Mineiro, às cidades do interior e da fronteira”.
Mas Lina Bo Bardi precisou enfrentar um duplo desafio no país que escolheu para viver: Ela era mulher e ela era estrangeira.
Isso não abalou a vontade da artista em permanecer no Brasil – e ainda serviu para revelar uma mulher que estava na vanguarda da arquitetura mundial e que tinha um estilo marcadamente pessoal.
obras de Lina Bo Bardi

SESC Pompeia detalhe Lina Bo Bardi
Lina projetou várias construções no país como a Casa de Vidro, que hoje é instituição cultural mas foi residência da artista durante 40 anos, o SESC Pompeia, todos em São Paulo, e o Solar do Unhão, na Bahia, entre outros.
Mas é certamente o MASP o seu projeto mais memorável – e seu maior legado no Brasil.
O amplo conhecimento em arte que a arquiteta possuía, aliado a uma ousadia inovadora, contribuiu para que o museu se tornasse, por sua arquitetura, um dos mais importantes edifícios brasileiros.

Solar do Unhão Lina Bo Bardi

Lina Bo Bardi Casa de Vidro
Lina Bo Bardi | a arquiteta do MASP

O MASP foi fundado em 1947, mas funcionava em outro lugar.
O prédio da Avenida Paulista começou a ser construído em 1961, e inaugurado em 1968.
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Tanto tempo serviu para que Lina repensasse, aperfeiçoasse e reconstruísse seu projeto. Com uma verdadeira “obsessão” por áreas livres, que são a marca principal do museu, Lina deixa uma área de vão de 70 metros.
Esse espaço, para ela, tinha de ser livre de fato, para o encontro das pessoas, para concertos, para convivência, enfim.
Mas não foi apenas a parte externa do edifício que ficou marcada pela ideia de “liberdade”.
No interior do museu, as obras são arranjadas de um jeito no mínimo inusitado para a época.
Em vez de obras penduradas na parede, Lina optou por deixa-las em cavaletes suspensos de vidro.
O MASP mudou assim o próprio conceito de exposição e da relação das obras com o público.


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Responsável por algumas das mais importantes construções da moderna arquitetura do Brasil, Lina morreu em 1992, em decorrência de uma embolia pulmonar.
A arquiteta certa vez declarou: “Não é preciso muito para ser muito.” Observando o MASP, por dentro e por fora, podemos ter certeza de que Lina tinha toda razão.
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