Kazimir Malevich | mentor do suprematismo

Kazimir Malevich – (Kiev, 1879– São Petersburgo, 1935) foi o criador da corrente artística abstrata: suprematismo.

Kazimir Malevich

Казимир Малевич (Kazimierz Malewicz)

Autorretrato

Fonte: Wikiart

O suprematismo

Este movimento, nascido na Rússia entre os anos de 1915-16, teve como principal impulsionador o pintor Kazimir Malevich.

O Suprematismo tem uma forte influência na filosofia russa do final do século XIX e Malevich é movido, em particular, pelos pensamentos niilistas de Nietzsche. A partir do ideário aqui recolhido, o pintor russo procurou criar uma pintura pura e perfeitamente capacitada à expressão do espírito humano sem demonstrar ligação ao Real.

Quadrado Branco sobre Fundo Branco

A sua pesquisa intensa pela pintura pura fez com que Malevich chegasse mesmo ao ponto de colocar em causa a própria existência da pintura.

Este depuramento ideológico é reflectido pelos vários estudos intitulados «Quadrado Branco sobre Fundo Branco».

Kazimir Malevich white on white

Branco Sobre Branco, Malevich, 1918 (Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, EUA).

https://en.wikipedia.org/wiki/White_on_White#/media/File:White_on_White_(Malevich,_1918).png

Branco sobre Branco é um dos exemplares mais reconhecidos da Pintura Suprematista. Esta peça foi pintada no ano seguinte à Revolução de Outubro e faz parte de uma série de trabalhos iniciados por Malevich em 1916 e apelidados com o mesmo nome.

A obra que aqui abordamos é uma tela quadrada em que o pintor representou um outro quadrado, descentrado e num ângulo inclinado. É exemplar o modo como o pintor dispensa a maioria das características da arte representativa: não há sentido de cor, profundidade ou volume; apenas uma forma geométrica monocromática, sem precisão simétrica nem margens perfeitamente definidas.

Apesar de se tratar de uma pintura pouco detalhada, as pinceladas são bastante evidentes e o artista tentou atribuir algum sentido de movimento ao quadrado. De facto, Malevich tinha como intensão evocar uma sensação de um quadrado flutuante no espaço, o que reforça a sua utilização do branco como cor do infinito. A própria inclinação do quadrado, por ligeira que seja, sugere movimento.

Contudo, se por um lado, se pode atribuir uma ideia de infinito à pintura, por outro, pode-se igualmente reflectir sobre o seu niilismo latente. Estaria também Malevich a mostrar a sua visão face à Modernidade? Talvez estivesse a exultar os valores de um mundo rendido ao materialismo, fustigado pelos conflitos do início de século. Nesse sentido, o quadrado não se move simplesmente no infinito, mas deixa-nos a sensação de desaparecimento sucessivo no espaço – até desaparecer.