história oral e memória | conheça os 8 princípios de uma entrevista de história oral

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Saiba o que é a história oral e memória cultural. Aprenda em que consiste o método de pesquisa de fontes históricas orais e os oito princípios gerais de uma entrevista de história oral.

A história oral relaciona-se com as histórias e as memórias pessoais contadas por determinados indivíduos sobre o seu passado e o processo formal de recolha e análise dessas informações, por parte dos historiadores. A história oral e memória estão assim intimamente relacionados.

A metodologia da história oral baseia-se essencialmente na entrevista, um processo pensado e estruturado, que visa preencher lacunas que registos e documentos ‘oficiais’ não permitem.


Conheça os oito princípios gerais de uma entrevista de história oral neste artigo da autoria de Yolanda Silva. Autora do curso História Oral.

Pode conhecer a Organização Oral History Society aqui.


história oral e memória Oito Princípios Gerais da História Oral

1 – O objectivo da realização das entrevistas é revelar conteúdos que dão lugar à reflexão sobre o Passado| história oral e memória estão ligados

A história oral distingue-se das outras formas de entrevistas pelas características das mesmas: procura-se através delas um relato aprofundado da experiência pessoal e reflexões de um indivíduo, permitindo-lhe o tempo necessário para expandir a sua narrativa com os pormenores e a plenitude que desejar.

2 – Os testemunhos são inteiramente voluntários

história oral e memória | oral history training

Quando do início do projecto, os indivíduos a ser entrevistados são informados da natureza e propósito da história oral, assim como do objectivo da entrevista que se pretende realizar no momento.

Os narradores (ou entrevistados) são assegurados de que os seus testemunhos são perfeitamente voluntários e, em qualquer momento, podem recusar participar da entrevista (ou apenas negar alguma pergunta em particular), se assim desejarem.

Todas as entrevistas devem ser realizadas dentro dos parâmetros reconhecidos por um documento de consentimento acordado por ambas as partes, previamente à entrevista.

3 – A disseminação dos conteúdos resultantes da entrevista deve seguir quaisquer restrições que o narrador coloque sobre os mesmos

oral history training | história oral e memória

O responsável pela entrevista deve assegurar-se que o entrevistado compreende os seus direitos e requisitar o seu consentimento através de prova escrita ou oral (gravada). Este documento deve comportar os parâmetros impostos pelo narrador relativamente aos conteúdos que cede, podendo mesmo colocar restrições sobre o uso do material cedido.

4 – O historiador ou entrevistador deve sempre respeitar os entrevistados, assim como a pesquisa que tem em vista

O objectivo da história oral é focar-se em questões histórica e socialmente significativas, que reflectem uma correcta e cuidada preparação da entrevista e compreensão dos assuntos a ser abordados ao longo da mesma.

O historiador ou o entrevistador deve respeitar a narrativa do entrevistado, a sua linguagem e a sua autoridade sobre os assuntos relatados.

Ao utilizar as entrevistas como fontes primárias, o historiador deve permanecer fiel e honesto à História, evitando estereótipos, falsas representações ou a manipulação das palavras dos entrevistados.

5. É habitual na generalidade dos casos que os sujeitos entrevistados sejam identificados pelo nome, salvo raras excepções

A identidade dos narradores contribui para a contextualização, desta forma enriquecendo os conteúdos da narrativa. A ligação entre história oral e memória dos entrevistados é muito importante.

No entanto, perante circunstâncias excepcionais e/ou perante exigência do entrevistado, a anonimidade pode ser mantida, devendo a situação ser devidamente documentada no documento de consentimento de cedência dos conteúdos.

(O responsável pelo projecto pode tentar negociar com o entrevistado sobre limites da exposição da sua identidade, o que será estabelecido em documento próprio, mas sempre tendo em conta que o entrevistado mantém a última palavra e os seus desejos devem ser respeitados.)

6. As entrevistas são documentos de relevância histórica a ser preservados para futura consulta (por parte de outros historiadores ou do público em geral)

história oral e memória 4

O responsável pelo projecto oral deve ter em conta a melhor forma de preservar os documentos originais recolhidos no decurso da sua actividade (transcrições, fotografias, cópias de documentos cedidos, registo áudio e/ou videográficos, etc.), de modo a garantir e salvaguardar a acessibilidade e usabilidade das fontes. Deve ser estabelecido para o efeito, um plano de preservação e acesso, em que se inclui qualquer cláusula relativa à possibilidade de disseminação das fontes, seja através da Internet, dos media, ou outro meio de divulgação (assim como estabelecido no documento de consentimento assinado e aprovado pelo(s) narrador(es)).

7.  A preservação das fontes recolhidas deve ser cuidada e, por isso, os relatos devem ser realizados com qualidade

Para garantir uma preservação de fontes de qualidade, os materiais e equipamentos usados para registo e arquivo devem corresponder à melhor qualidade possível, dentro dos limites possibilitados pelo indivíduo ou instituição responsável.

8. Quem conduz a entrevista não se deve comprometer perante situações que não conseguirá cumprir

O responsável do projecto não deverá garantir uma relação estreita entre narrador e historiador (que, por vezes, não é a mesma pessoa que conduz a entrevista). A interpretação e apresentação das entrevistas e outros materiais deve corresponder às imposições (e restrições) constatadas no documento de consentimento ou em formulários relativos à cedência de conteúdos.

 

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História oral – a entrevista e o projeto

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