Como preparar um projeto de Fontes Históricas Orais

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Fontes Históricas Orais são relatos, depoimentos e testemunhos transmitidos oralmente, geralmente por pessoas que viveram ou testemunharam determinados acontecimentos históricos.

Mas como desenvolver um projeto de recolha destes testemunhos e como disponibilizá-los?

Neste artigo vamos sistematizar as linhas guia para um projeto baseado em Fontes Históricas Orais .

Este tema é desenvolvido em detalhe no curso online com certificado História Oral

O que são Fontes Históricas Orais

Conforme referido fontes históricas orais são relatos e testemunhos transmitidos verbalmente, geralmente por pessoas que viveram determinados eventos históricos.

soldados da 1ª guerra mundial fontes históricas orais

Estas fontes históricas são importantes para a História, especialmente em contextos nos quais os registos escritos são escassos ou inexistentes.

O historiador recolhe estes testemunhos através de entrevistas, gravações ou mesmo pela recolha de tradições orais passadas de geração em geração.

A História Oral

A história oral permite preservar memórias pessoais e coletivas, oferecendo uma perspetiva muitas vezes complementar à história baseada em registos escritos oficiais. Curso História Oral capa

Estas fontes históricas orais podem incluir:

  • Entrevistas com pessoas que viveram certos eventos históricos;
  • Relatos de comunidades que preservam tradições ou memórias culturais;
  • Testemunhos de pessoas marginalizadas, cuja voz pode não estar registada em fontes escritas tradicionais;
  • Tradições orais, como contos, mitos e lendas.

Elas são amplamente usadas por historiadores e antropólogos para construir uma visão mais completa e diversificada do passado.

O projeto de história oral

Tal como em qualquer outra área, um projeto baseado em  fontes históricas orais começa com uma ideia.

E deverá seguir uma metodologia rigorosa.

Definimos aqui algumas linhas-guia pelas quais todos se podem orientar quando da preparação de um projeto de história oral. Capa do Curso Património Cultural

Escolher um projeto baseado em fontes históricas orais

Para organizar as ideias, antes de começar a trabalhar as fontes históricas orais, podemos perguntar-nos:

  • Qual(ais) o(s) objetivo(s) pretendido(s) com este projeto?
  • Como é que o meu projeto contribui para a compreensão, gestão e conservação do património cultural (dentro de uma instituição ou não)?
  • Como é que o meu projeto contribui para a perceção e conhecimento do património cultural por parte do público geral?
  • Que pesquisa de preparação devo executar? Onde posso procurar?
  • Quem vou entrevistar? Por quê? Como? Onde?
  • Os entrevistados que proponho envolver no meu projeto serão beneficiados? A que nível?
  • O projeto está bem suportado em termos financeiros, de recursos humanos, de equipamento e de tempo?
  • Como irei realizar a promoção?
  • O que farei com os materiais recolhidos (gravações, vídeos e documentação associada) uma vez concluído?
  • Como vou arquivar, onde e sob que tutela?

Esta série de perguntas pode ser usada no início do projeto, assim como ao longo das várias fases do mesmo, de modo a garantir que estamos a manter-nos no caminho certo.

Além do mais, podemos aplicá-las a diferentes tipos de trabalhos no âmbito da história oral, desde trabalhos escolares, à recolha de informação destinada a arquivo para profissionais da área de investigação histórica.

um pequeno percurso pelas etapas de um projeto baseado em fontes históricas orais

Pesquisa e mapeamento do campo de ação

fontes históricas orais pesquisa

Depois de definir aquilo em que quer trabalhar, o historiador vai ter de procurar saber algo mais sobre o tema. Fá-lo-á através da pesquisa das fontes históricas orais .

A pesquisa preliminar é fundamental para o projeto. 

Com base na informação que conseguiu recolher, terá de mapear o seu campo de ação.

Basicamente, significa que vai definir o(s) local(ais) de relevância para o seu estudo de história oral . Afinal, as memórias das pessoas estão relacionadas com os lugares onde estiveram, onde viveram, por onde passaram.

Quem entrevistar e como abordar o público num projeto de história oral
fontes históricas orais

A griô (ou griotte) quilombola Marilda de Souza a contar aos estudantes a história da comunidade quilombola e do esclavagismo das fazendas negreiras no litoral do Brasil imperial. Apresentação do projecto Passados Presentes (Novembro de 2015), no Quilombo do Bracuí (Rio de Janeiro, Brasil).

 

Se os contactos dos indivíduos foram devidamente anotados e arquivados na primeira fase tudo o que nos resta fazer é procurar estabelecer o primeiro contacto e saber até que ponto estarão interessados em contribuir para o projeto em desenvolvimento.

Onde ir

O local ou paisagem envolvente podem assumir grande importância na recolha de fontes históricas orais , pelas memórias a estes associadas. Alguém que tenha conhecido em primeira mão determinado local, edifício ou paisagem pode contribuir valiosamente para a identificação e caracterização de uma função, ocupação ou relação que possa existir, através das histórias que nos contar.

Organização da informação prévia e documentação de apoio

Essencialmente, a informação prévia ao processo das entrevistas consiste num resumo claro e conciso que permitirá uma compreensão futura dos documentos a ser criados no decurso da fase seguinte. As notas do entrevistador/historiador ajudarão o próprio transcritor ou outros colegas historiadores e investigadores (ou outros futuros usuários) a melhor entender a entrevista, o entrevistado e os contextos.

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