Uma reflexão sobre a Deusa Mãe – a divindade primordial desde o despontar da História da Humanidade.
A Deusa Mãe
Em várias religiões se salienta a importância de uma divindade feminina, suprassumo do aspecto gerador de vida, da fertilidade, da natureza – a Deusa Mãe.
Geralmente, uma personificação da Terra, a Deusa Mãe nas civilizações pagãs é a criadora do Universo, associada a múltiplos aspectos da vida, desde a criação e procriação, à Natureza e ao trabalhar a terra, à família e protecção das crianças, mas também à cultura, linguagem e comunicação.
A Deusa Mãe na pré história
O termo Deusa-Mãe refere-se directamente a uma religião pagã criada em torno da divindade feminina.
Um culto intimamente relacionado com o próprio despontar da História da Humanidade, estando reflectido nas imensas representações de Vénus produzidas desde os períodos do Paleolítico e Neolítico.
A Vénus de Willendorf, é uma estatueta que se estima tenha sido esculpida esculpida entre 28 000 e 25 000 anos antes de Cristo. Descoberta no sítio arqueológico do paleolítico situado perto de Willendorf, na Áustria.
A Mãe Terra
A própria representação da Mãe Terra (frequentemente, encontramo-la mencionada como Gaia, remetendo a uma designação original da mitologia grega) associa a figura feminina à fertilidade, em várias mitologias, sendo mesmo a mãe de todas as outras divindades.
Reflecte-se assim aqui a crença da Terra como criadora de todas as coisas vivas.
Conheça a primeira geração de deuses gregos no artigo “No início havia apenas o caos”.
Geia , ou Gaia – a mãe terra e criadora dos deuses. Imagem: Anselm Feuerbach: Gaea (1875). pintura no teto da Academia de Belas Artes de Viena.
A Deusa Mãe no Panteão Grego
A veneração à Deusa Mãe continuou pelos séculos, evoluindo e desdobrando-se mesmo a sua figura em várias representações femininas do mesmo Panteão.
Analisando brevemente um dos mais conhecidos panteões da História, o Grego, percebemos bem como os atributos da Deusa-Mãe (fertilidade, natureza, saúde, educação) se encontram mais ou menos distribuídos pelas várias deusas principais.
Deméter
Triptolemus, Demeter e Persephone , c. 470 AC, Louvre
Está associada à agricultura e fertilidade da terra, mas também à fertilidade humana e à renovação da vida. Foi, ainda, quem criou os princípios da vida civilizada.
Hera
Cópia romana de exemplar helenístico, Sec. II
A Hera compete a protecção da mulher: está ligada a todos os assuntos da vida feminina, como o casamento, o parto e a fertilidade.
Afrodite
Afrodite de Cápua, copia romana de original helenístico, 310-200 AC
Afrodite também tem a responsabilidade de zelar pela fecundidade e procriação humana e pela educação das crianças.
Ártemis
Original grego do século IV a.C.
Ártemis, conhecida por ser a deusa da caça, é a protectora da natureza selvagem, dos animais e da prógene dos mesmos.
Tem também funções relacionadas com a vida feminina, como a preparação para o casamento.
Atena
Atena Giustiniani, cópia romana de um original grego do século IV a.C. Museu Pio-Clementino, Vaticano.
É a deusa da inteligência.
Protege os trabalhos domésticos, assim como os heróis de guerra, sendo guardiã das casas, das crianças e da saúde.
Saiba mais sobre Atena no artigo “Sabia que a origem de Atenas está ligada a uma disputa entre deuses?”
Héstia
Cópia romana de original helenistico
Finalmente, Héstia é a protectora do Fogo Sagrado – o símbolo da ligação com a terra materna, que se mantinha aceso em todos os lares e que se acendia onde o núcleo político de cada nova cidade se instalaria.
É, por excelência, a deusa das cidades, do lar e das famílias.
Conheça os deuses do Panteão grego no artigo.