Certamente você já ouviu falar dele. Artista de rua cuja identidade é desconhecida, Banksy é considerado polêmico, revolucionário, rebelde e, como não poderia deixar de ser nesses casos, um gênio. Pelo menos é essa uma das leituras que propõe a exposição Banksy: Genius or Vandal.
Talvez você ainda se lembre da última aparição notória do artista – se é que podemos chamar de aparição a atuação de um artista sem rosto.
Durante o leilão da Sotheby’s, em outubro de 2018, a icônica obra Menina com Balão se transformou na mais icônica ainda O Amor Está no Lixo ao ser picotada logo após a venda. A provocação foi maior que o valor do arremate: mais de um milhão de euros.
Exposição – Bansky
A nova exposição, que tem curadoria de Alexander Nachkebiya, é uma mostra de obras que vão desde trabalhos de grafite à serigrafia, além de vídeos e fotografias. Cerca de 70 obras originais de Banksy compõem o acervo da exposição, que já passou pela Rússia e pela Espanha.
O mais interessante, no entanto, é que essa exposição (como as demais) não é autorizada por Banksy. Em seu site, ele diz que as exposições – não apenas a de Portugal – não tem seu aval e que foram organizadas “sem o conhecimento e envolvimento do artista”. Depois de avisar que a exposição não é consensual, Banksy pede que o público trate-a “de acordo”.
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Gênio ou Vândalo?
O fascínio que Banksy exerce no mundo da arte contemporânea é proporcional às críticas feitas ao artista. Se há quem o veja como um visionário e revolucionário, há quem considere que o artista nascido em Bristol, Londres, não passe de um vândalo. Nesse ponto, porém, ele é incisivo:
“Grafitar é, na verdade, uma das mais honestas formas de arte disponíveis. Não existe elitismo ou badalação, o grafite fica exposto nos melhores muros e paredes que a cidade tem a oferecer e ninguém fica de fora por causa do preço do ingresso. Um muro sempre foi o melhor lugar para divulgar seu trabalho. As pessoas que mandam nas cidades não entendem o grafite, porque acham que nada tem o direito de existir se não gerar lucro, o que torna a opinião delas desprezível”. (trecho do livro Guerra e Spray, publicado em 2012 no Brasil pela editora Intrinseca).
Seja como for, uma coisa é certa sobre Banksy: ele é um ícone da arte contemporânea, e o mercado de arte sabe bem disso – incluindo colecionadores, galerias e casas de leilão. Banksy construiu ao longo do tempo, e com uma identidade oculta, uma discussão sobre a apropriação mercadológica que sempre beira a provocação e o cinismo.
Rute Ferreira
Sou professora de Arte, com formação em Teatro, História da Arte e Museologia. Também sou especialista em Educação à Distância e atuo na educação básica. Escrevo regularmente no blog do Citaliarestauro.com e na Dailyartmagazine.com. Acredito firmemente que a história da arte é a verdadeira história da humanidade.