Associamos normalmente a história de Roma à grandiosidade do Império Romano, aos deuses, imperadores e grandes obras de arquitetura e urbanismo.
Sem dúvida que a história de Roma nos legou tudo isso como poderá conhecer no curso Cultura, crenças e arquitetura da Roma Antiga.
Hoje vamos levá-lo a espreitar uma pequena página deste curso sobre a história de Roma para conhecer alguns aspetos menos divulgados.
Espreite uma página do curso e aprenda como se vestiam e como se penteavam os romanos e as romanas.
Esperamos que goste!
Cultura, crenças e arquitetura na Roma Antiga – Curso online
Fique a conhecer como se vivia da Roma Antiga – a sua cultura, crenças, arquitetura, personalidades, o que comiam, como se vestiam e como funcionava a sociedade.
a história de Roma – o vestuário e os penteados
A história de Roma e a sociedade romana foram marcadas pela rigorosa organização e hierarquias.
O vestuário dos romanos refletia a condição social de quem o envergava e requeria, nalguns casos, um processo que não era simples.
Cada peça de vestuário tinha uma designação específica como veremos.
Vamos ver este aspeto particular – a história de Roma
O vestuário romano na antiguidade era constituído pela túnica e por roupas que rodeavam o corpo (mantos), como a toga ou o pálio.
As túnicas não tinham mangas compridas, tapavam um pouco os joelhos e as recolhidas com um cinto (succintae) simbolizavam zelo no trabalho.
As túnicas com mangas compridas (manicatae) eram femininas e caiam até aos pés, funcionando como um símbolo de castidade. Para diferenciar géneros utilizavam também as cores.
O manto era um abrigo para o inverno, a toga era uma marca de identidade dos cidadãos romanos no fórum. Para a vestir era necessário a ajuda de um escravo que envolvia o amo num tecido de quatro metros.
Nesta recriação de festa romana pode ver o processo complexo de colocação da toga.
As togas diferenciavam a idade e a condição social ou cargo público da pessoa que a vestia.
As mulheres usavam o strophium, o antepassado do soutien que era uma tira de couro ou pano colocada sobre a túnica que cingia o peito por baixo, realçando-o.
O fascia pectoralis, o mamillare e a zona, ou faixa, eram colocados em contacto direto com os seios e também os realçava. As bracae eram as cuecas femininas.
Mosaico do Sec. II Villa Romana,Piazza Armerina na Sicilia
Paulatinamente, foram introduzidas as calças para proteger do frio, que foram trazidas pelos estrangeiros e que inicialmente fizeram muita confusão aos romanos.
Como adornos, as mulheres usavam muito os anéis, braceletes e colares feitos em bronze ou vidro. Tinham orelhas furadas para usarem brincos e também se ornavam com pregadeiras decorativas no vestuário.
Curiosidades
O vestuário e joias da Grécia e Roma Antiga têm inspirado a moda ao longo dos tempos. Alguns exemplos:
Desfile de alta costura de Dolce & Gabbana, Julho 2019
“La modernité de l’ antiquité”, Coleção Chanel 2017 / 2018
No quarto, com a ajuda das servas, as jovens e mulheres preparavam-se para se mostrarem em público, escondendo defeitos e realçando qualidades, recorrendo a produtos para branquear os dentes, perucas, tintas, apliques, ganchos, pentes e óleos perfumados.
Ruínas de Herculano 79 DC
A maquilhagem, penteado e perfume era a última fase na higiene quotidiana.
Lavavam pernas e braços (o resto era lavado cada nove dias, nos dias de mercado), branqueavam os dentes com soda, bicarbonato e até com urina, depilavam-se, perfumavam-se e penteavam-se com requinte.
A história de Roma foi marcada pelas conquistas que levaram ao domínio e escravização de outros povos. E este aspeto refletiu-se na cultura romana .
Quando as primeiras cativas germanas chegaram a Roma, os seus cabelos loiros brilhantes chamaram a atenção.
Para mudar da cor escura para um tom tão claro recorriam a perucas de cabelo natural ou tintas compostas por sebo de cabra e cinza de faia em forma de sabão líquido ou sólido.
O vermelho era conseguido através do uso de hena, uma substância vegetal originária do Egito, e para cobrir os cabelos brancos, o ideal eram os cabelos negros da Índia, também na moda.
Na infância e adolescência o cabelo era usado livremente, liso ou encaracolado.
Com o avançar do tempo encaracolavam os cabelos lisos servindo-se do calamistrum com dois tubos, um instrumento aquecido sobre o fogo que enrolava o cabelo. O uso continuado deste instrumento e das tintas, em muitos casos, danificava o cabelo perpetuamente.
Para adornar o cabelo usavam ganchos (acus crinalis) em osso, marfim ou metal. Como eram ocos, podiam ser enchidos com óleos perfumados ou veneno e serviam de arma.
No início da república os penteados femininos eram simples e as mulheres casadas saíam à rua cobertas por um véu.
No início do império os penteados começaram a diversificar.
O gosto pelos caracóis aumentou na segunda metade do século I d.C. No reinado de Nero e durante a dinastia Flávia, usou-se a poupa postiça de caracóis em forma de coroa.
Para disfarçar a união usava-se uma fita de couro sobre essa parte, enquanto que o restante cabelo era entrançado à volta da cabeça.
Cerca de 14 D.C.
Poupa e coque de tranças da era de Augusto.
Imperatriz Lívia
Duas madeixas dividem o cabelo e enrolam-se numa poupa central (nodus). O cabelo é apanhado atrás num coque de tranças e as laterais são onduladas.
Cerca de 48 D.C.
Moda dos cachos na época de Cláudio
Messalina, esposa do imperador Cláudio, exibe sob o manto um penteado tipo salus, caraterizado por uma massa de caracóis que emoldura o rosto.
Disposta de forma ondulada a madeixa central divide em dois o cabelo e um coque com quatro tranças apanha o cabelo na nuca.
Cerca de 91 D.C.
Coroas postiças com os Flávios
Júlia, filha do imperador Tito, deu nome a um penteado típico da época flávia.
À frente era colocada uma coroa postiça (também conhecida como ninho de vespa), cuja altura foi aumentando.
O cabelo entrançado era enrolado na parte de trás em forma de turbante.
Cerca de 217 D.C.
Perucas listradas nos tempos dos Severos
Júlia Domna, segunda esposa de Septimo Severo, recuperou a moda do penteado do tipo “melão” de proveniência helénica.
Uma peruca com ondulações artificiais paralelas na madeixa central, deixava vislumbrar por baixo, à altura das maçãs do rosto, pequenas madeixas de cabelo natural.
As servas (ornatrices) que ajudavam nesta arte as matronas eram ensinadas por um mestre cabeleireiro durante um mínimo de dois meses.
Estas podiam sofrer maus-tratos caso não realizassem um trabalho que satisfizesse a senhora.
Nesta época a vaidade era duramente criticada pelos sacerdotes cristãos, que alegavam que estes artifícios de moda estavam ligados ao mundo pagão.
Diana Ferreira
Licenciada em História da Arte pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto e mestre em Museologia em Espanha (Valladolid).
Trabalhou na Galleria Nazionale d’Arte Moderna di Roma e na direção da Galleria dos Uffizi, em Florença.
Bolseira diversas vezes com projetos de estudo e trabalho em Itália e Espanha, foi formadora e professora responsável pela disciplina de História da Arte no Porto, e de Introdução à História da Arte, Iconografia e História da Arquitetura, na Academia de Arte em Florença.
Em 2014 publicou o livro Guia dos Tesouros Arquitetónicos. Lisboa, Chiado Editora, 2014, fruto de uma investigação aprofundada sobre os temas.