A Revolução de 25 de Abril de 1974 tem sido tema e inspiração para artistas de diversas áreas.
Sem dúvida que os cartazes de Maria Helena Vieira da Silva são já um símbolo da representação artística da Revolução dos Cravos.
![Maria Helena Vieira da Silva](https://citaliarestauro.com/wp-content/uploads/2020/04/Maria-Helena-Vieira-da-Silva.jpg)
Maria Helena Vieira da Silva
Maria Helena Vieira da Silva | Uma das mais importantes pintoras europeias da segunda metade do século XX
Nasceu em Lisboa em 13 de Junho de 1908; morreu em Paris em 6 de Março de 1992.
Filha do embaixador Marcos Vieira da Silva, ficou órfã de pai aos três anos, tendo sido educada pela mãe em casa do avô materno, director do jornal O Século.
Tendo mostrado interesse, desde muito pequena, pela pintura e pela música começou a estudar pintura, a partir de 1919.
Em 1924, frequenta as aulas de Anatomia Artística da Escola de Belas Artes de Lisboa.
Em 1928 vai viver para Paris, acompanhada pela Mãe, indo visitar a Itália.
No regresso começa a frequentar as aulas de escultura de Bourdelle, na Academia La Grande Chaumière. Mas abandona definitivamente a escultura, depois de frequentar as aulas de Despiau.
Começa então a estudar pintura com Dufresne, Waroquier e Friez, participando numa exposição no Salon de Paris. Conhece o pintor húngaro Arpad Szenes, com quem casa em 1930, e com quem visitará a Hungria e a Transilvânia.
![Maria Helena Vieira da Silva Arvore da Liberdade](https://citaliarestauro.com/wp-content/uploads/2020/04/arvore-da-liberdade.jpeg)
Árvore da Liberdade
Maria Helena Vieira da Silva e o 25 de Abril
O ano de 1974 seria marcante para a pintora devido à Revolução dos Cravos cujos acontecimentos terá seguido atentamente, com emoção e alegria.
A Revolução marcava o fim de um regime autocrático, o fim de uma guerra colonial sem sentido e um momento de mudança e de abertura fundamentais para o País, não só politicamente, mas também culturalmente.
Residindo em França mas desejando participar de alguma maneira no clima de mudança que vivia o País, em 1975 Vieira da Silva exporá um conjunto de gravuras na Biblioteca-Museu Municipal de Vila Franca de Xira e, correspondendo ao convite de Sophia de Mello Breyner, executa dois cartazes memoráveis.
Um, com o título A Poesia está na Rua e outro, 25 de Abril de 1974, ficarão para sempre como lugares simbólicos da Revolução de Abril, que guardamos na memória como parte do arquivo visual do 25 de Abril.
O cartaz A Poesia está na Rua é uma referência histórica da sua ligação à liberdade e à democracia e revela bem como ela sentiu não só o momento mas tudo o que a cidade viveu nesse período.
Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes
O seu marido era judeu e e Maria Helena Vieira da Silva perdeu a nacionalidade portuguesa ao casar. Dada a complexa situação política na Hungria, decidiram oficialmente passar ambos à situação de apátridas residentes em França.
![A poesia está na rua](https://citaliarestauro.com/wp-content/uploads/2020/04/A-poesia-esta-na-rua.jpg)
A poesia está na rua
Em 1935 António Pedro organiza a primeira exposição da pintora em Portugal, e que a faz estar em Portugal por um breve período, até Outubro de 1936.
Ficará em Portugal por pouco tempo, pois o governo de Salazar não lhe restitui a cidadania portuguesa, mesmo tendo casado pela igreja.
O casal de pintores decide-se a ir para o Brasil. No Brasil recebem passaportes diplomáticos, que substituem os de apátridas emitidos pela Sociedade das Nações.
Residirão no Rio de Janeiro até 1947, pintando, expondo e ensinando.
Em 1956, foi-lhe dada a naturalidade francesa.
![A Poesia está na Rua](https://citaliarestauro.com/wp-content/uploads/2020/04/562.jpeg)
A Poesia está na Rua
O reconhecimento de Maria Helena Vieira da Silva como uma das grandes artistas do Sec. XX
Maria Helena Vieira da Silva começa a ser reconhecida. O estado francês compra-lhe La Partie d’échecs, um dos seus quadros mais famosos.
Vende obras suas para vários museus, realiza tapeçarias e vitrais, trabalha em gravura, faz ilustrações para livros, cenários para peças de teatro.
Expõe em todo o mundo e ganha o Grande Prémio da Bienal de São Paulo de 1962, e no ano seguinte o Grande Prémio Nacional das Artes, em Paris,
Em 1970, a Academia Nacional de Belas Artes nomeou-a seu membro efetivo, dez anos depois de lhe ter sido atribuído em França o grau de Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras.
O Governo português atribui-lhe, em 1977, a mais alta condecoração, não militar, a Grã-Cruz da Ordem de Sant’Iago da Espada.
No dia em que perfez 80 anos, recebeu a Grã Cruz da Liberdade. Foi sem dúvida o merecido, ainda que atrasado, tributo à insigne pintora portuguesa, mulher de princípios e causas de mérito universal.
A 3 de Novembro de 1994 foi inaugurado em Lisboa, no edifício da antiga Real Fábrica dos Tecidos de Seda, Jardim das Amoreiras, a Fundação e o Museu Árpád Szenes-Vieira da Silva.
Fontes:
José Augusto França, A Arte em Portugal no Século XX, Lisboa, Bertrand, 1974
MDM, Movimento Democrático de Mulheres, https://www.mdm.org.pt/maria-helena-vieira-da-silva/