Jackson Pollock – Um homem caminha sobre a sua criação, uma criação fragmentária e caótica. Mas é um caos elaborado, criativo e quase romântico. Ele é apaixonado pela sua tela. Este homem é Jackson Pollock.
Por - Rute Ferreira
As pinturas de Jackson Pollock representam um grande momento do expressionismo abstrato. Ele é o rosto desse movimento e o melhor retrato da paixão ardente que a arte pode causar num espírito volátil.
Pollock foi um artista americano (28 de janeiro de 1912 – 11 de agosto de 1956).
A arte moderna e o expressionismo abstrato passariam sem ele, mas não seriam a mesma coisa.
Em 1942, com a obra Stenographic Figure, exposta no Spring Salon for Young Artists, Pollock chamou a atenção do pintor Mondrian (“a obra mais interessante que vi até agora na América”, disse) e conseguiu um contrato que lhe permitiu largar o emprego (Pollock trabalhava num museu) e dedicar-se apenas à criação artística.
Peggy Guggenheim e o reconhecimento da arte de Jackson Pollock
Contratado por Peggy Guggenheim para fazer uma grande obra de arte em sua casa, Pollock criou Mural entre 1943 e 1944.
A pintura do artista força o espectador a redirecionar o olhar. É um trabalho improvisado que capta bem a força quase vulcânica deste artista – linhas fragmentadas, ondas e manchas sinalizam que a criação é, acima de tudo, rítmica.
Mural, fazendo jus ao seu nome, é uma peça enorme: 2,5m x 6m, e levou uma noite para ser composta.
Em novembro de 1943 fez a sua primeira exposição individual, também com o patrocínio de Peggy Guggenheim.
Expôs, entre outras, a peça She-Wolf, uma alegoria do mito da fundação de Roma e da história de Rômulo e Remo. O diretor do MoMA, Alfred Barr, ficou impressionado com a obra e comprou-a (hoje as suas obras custam milhões de dólares, mas naquela época a pintura foi vendida a Barr por 650,00 dólares).
Dripping – a técnica extrema do expressionismo abstrato
Em 1948 começou uma série de pinturas por dripping (gotejamento). As pinturas de Jackson Pollock são reconhecidas pela técnica do gotejamento, a técnica extrema do expressionismo abstrato.
Para realizar a pintura por gotejamento, Pollock lançava a tinta diretamente na tela através de furos na lata.
Caráter caótico. Caótico, mas nunca aleatório. Não há pincéis na sua pintura.
Action painting
Para Pollock, a pintura feita em cavalete, numa performance tranquila e pacífica, já não correspondia ao ideal artístico da época. O artista dedicou todo o seu corpo à ação, é quase um evento performático, mas acima de tudo é um evento apaixonante.
Pollock caminhava sobre a sua tela e tornava-se, naquele momento, parte dela.
Não demorou muito para que Jackson Pollock se tornasse o rosto do expressionismo abstrato (especialmente graças às fotografias de Hans Namuth).
Só em 1950, produziu mais de 50 obras!
Infelizmente, a vida pessoal de Pollock era complicada. O artista teve problemas com depressão e bebida.
Apesar de conseguir passar por longos períodos de abstinência, acabou por voltar ao caminho do alcoolismo. Então, sofreu um acidente de carro quando estava embriagado. Encerrou assim a sua vida e brilhante carreira, aos 44 anos.
A obra do artista continua a ser uma das mais poderosas da história da arte. Pollock elevou a pintura abstrata fazendo da sua técnica uma ampliação de seus próprios sentidos, movimentos e gestos.