Neste artigo conheça a Harlem Renaissance e a sua importância para a criação de uma nova estética.
Por - Manuela Tenreiro Autora do curso online Artes e Culturas da Diáspora Africana
Porquê Harlem Renaissance
Tratou-se de um renascimento intelectual e cultural que se refletiu na música, dança, artes plásticas, moda, literatura, teatro, política e estudos afro-americanos.
Centrou-se no bairro Harlem, em Manhattan, Nova York, nas décadas de 1920 e 1930 e contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da cultura afro-americana.
“O Negro Americano”
Entre a última década do século XIX e a primeira metade do século XX, a cultura Afro-Americana floresceu e deu-se a conhecer ao mundo.
O negro americano era uma curiosidade na Europa desde o pós-abolição, mas a imagem do negro que o poder branco americano transmitia ao mundo era no mínimo degradante.
Em 1900, W.E.B. DuBois viajou para a Europa como curador oficial da Exposição “O Negro Americano” na Exposição Universal de Paris.
Aos visitantes oferecia a possibilidade de conhecer a cultura afro-americana através de 500 fotografias de homens, mulheres e crianças retratados com estilo, dignidade e humanidade.
Retratos da exposição
Portugal Africano – da história desconhecida aos roteiros turísticos
“O Novo Negro”
Em 1910, DuBois fundou a revista The Crisis, uma publicação que permanece até hoje e que teve um enorme impacto no movimento artístico e literário que explodiu no Harlem em Nova Iorque e que ficou conhecido como a Harlem Renaissance.
Numerosos autores, ilustradores e fotógrafos negros contribuíram para a revista. Entre eles o autor Alain Locke, organizador da antologia “O Novo Negro: uma Interpretação” (1925) e um dos grandes articuladores da estética da Harlem Renaissance.
Locke sugeria que os artistas Afro-Americanos se inspirassem na história de África para desenvolver uma linguagem pictórica.
A Harlem Renaissance
Na História da Arte, a Harlem Renaissance surge no contexto mais amplo do modernismo pois, tal como os artistas e intelectuais Europeus, rompia radicalmente com os valores tradicionais da burguesia e da moralidade anglo-saxónica.
Diversas personalidades artísticas e intelectuais participaram deste movimento modernista especificamente afro-americano, que encontrava as suas raízes na consciência profunda de uma experiência histórica distinta da população branca.
O jazz
A rítmica do jazz, invade a literatura, nomeadamente a poesia de Langston Hughes.
Enche de movimento as cores vívidas que formam personagens em telas com cenas do quotidiano afro-americano, nas ruas, nos bares e salões de dança, e por todos os espaços que a população negra ia ocupando.
A cultura do Harlem não ficou apenas contida naquele bairro e nem mesmo apenas na cidade de Nova Iorque.
Expandiu-se por toda a América e definiu o trabalho de artistas por todo o país.
A própria cultura do jazz rapidamente se espalhou pelo mundo e existe todo um imaginário ligado a este contexto cultural que é familiar globalmente e que foi inúmeras vezes retratado no cinema.
Foram muitos os artistas, músicos e escritores que saíram deste período e que marcaram a história das artes e da cultura.
Falaremos a seguir de Archibald Motley, um artista que se inspirou na cultura negra do Harlem em Nova Iorque e outras cidades americanas.
Archibald Motley
Nas suas telas cheias de cor e movimento registou a cultura negra do Harlem em Nova Iorque e outras cidades americanas onde o movimento Harlem Renaissance rapidamente se expandiu.
A vida noturna, o jazz e o seu público constituem a temática mais importante no seu trabalho.
Artes e Culturas da Diáspora Africana – Curso online
O curso Artes e Culturas da Diáspora Africana pretende oferecer um panorama da diversidade artística e cultural, em particular nas regiões com maior incidência de comunidades afrodescendentes como o Brasil, Estados Unidos e Caraíbas.
Oferecemos ainda um e-book extra sobre o panorama da presença Africana em Portugal desde o século XV.
Uma presença por poucos reconhecida mas que começa a emergir pelo esforço de vários investigadores notáveis nas últimas décadas.
Manuela Tenreiro
Doutorada em História da Arte pela School of Oriental and African Studies, linha de pesquisa em Artes e Culturas da Diáspora Africana (2008). Estudou artes visuais e fotografia em São Francisco onde atuou como mediadora no mural Pan-American Unity de Diego Rivera. No Brasil, onde residiu entre 2008 e 2017, criou e editou a publicação cultural bilíngue conTRAmare (2013-2018), e colaborou em projetos editoriais, de arte educação, redação, tradução e pesquisa histórica. No Rio de Janeiro frequentou o Curso de Tradução Literária DBB e o Programa Avançado de Cultura Contemporânea na UFRJ. Em Lisboa desenvolve projetos de tradução, escrita e educação nas áreas de história da arte e das culturas da diáspora africana, vindo também a dedicar-se à aprendizagem de ferramentas para a execução de projetos na área das humanidades digitais.