Edvard Munch (12 dezembro 1863 – 23 janeiro 1944)

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Edvard Munch Auto retrato 1882

Edvard Munch Auto retrato 1882

Edvard Munch foi indiscutivelmente um dos maiores artistas da história da arte não só pela genialidade das suas obras mas também pela inovação ao nível do traço, das cores e da intensidade dramática das suas obras.

A influência de Edvard Munch nos artistas e movimentos artísticos que emergiram a partir do final do Sec. XIX e inicio do Sec. XX é incontornável.

A sua obra O Grito é considerada na história da arte como uma das obras representativas da arte expressionista tendo a primeira versão sido pintada em 1893; mais de uma década antes do surgimento dos 2 movimentos considerados os representantes do expressionismo: Die Brücke (A Ponte) e Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul).

Neste artigo vamos abordar:
  • A vida dramática de Edvard Munch e o reflexo na sua arte
  • O Grito
  • As cores intensas na obra de Edvard Munch
  • As questões conservativas nas obras de Edvard Munch

A vida dramática de Edvard Munch e o reflexo na sua arte

Não consigo livrar-me das minhas doenças, pois há muita coisa na minha arte que só existe por causa delas”.
Edvard Munch, auto-retrato, 1906

Edvard Munch, auto-retrato, 1906

Escreveu o pintor norueguês Edvard Munch , famoso pela pintura O Grito, e por ser um dos principais artistas da história.

O histórico familiar de Munch foi na verdade dramático.

Nasceu a 12 de dezembro de 1863, em Ådalsbruk, Løten, na Noruega.

A sua mãe e uma das suas irmãs morreram de tuberculose quando ele era muito jovem. O seu pai sofria de depressão e a sua outra irmã foi diagnosticada com esquizofrenia.

Edvard Munch não saiu ileso. Teve um colapso mental em 1908, agravado pelo alcoolismo, e foi internado numa clínica de saúde mental na Dinamarca.

Além dos conhecidos problemas de saúde, o pintor ainda enfrentou outros problemas: em 1937, as suas obras foram confiscadas pelo governo de Hitler e rotuladas pelo ditador de “arte degenerada”.

 

Munch escreveu que “doença, loucura e morte eram os anjos negros que guardavam meu berço”, O seu trabalho é caracterizado por figuras cujo desespero e angústia são evidentes. As pinceladas e cores que Munch usa nas composições são associadas ao seu próprio estado de espírito.

O Grito

O grito Edvard Munch

Edvard Munch. O Grito. 1893, óleo sobre tela. 91×73,5cm.

 

A obra mais conhecida de Edvard Munch é o Grito.

Na obra de Munch, podemos ver a essência da pintura expressionista : há uma figura humana (muito disforme, mas é), com linhas sinuosas e tudo na imagem se contorce.

As cores e linhas fortes enfatizam a emoção que o artista quis demonstrar. Isso mostra que, além dos temas (agonias, dores, gritos, dramas) a técnica também foi bem específica e expressiva.

Deixar um personagem todo distorcido na frente do observador, com a boca aberta e desesperado, utilizando cores e traços que até então pouco ou nem eram combinados, foi uma atitude  inédita na arte.

Munch fez quatro versões dessa obra. Com três em museus noruegueses, a quarta continua a ser uma das obras mais caras da história vendidas em leilão e foi adquirida por um comprador anónimo num leilão da Sothebys.

Pode conhecer o Museu dedicado a Edvard Munch, em Oslo.

As cores intensas de Edvard Munch

Os amarelos e vermelhos intensos de O Grito e outras pinturas de Munch são normalmente associadas à expressão das emoções humanas mais profundas, as angústias e os desesperos.

Edvard Munch Ansiedade 1894

Ansiedade 1894

 

Os violentos contrastes entre estas cores intensas e as figuras que tomam contornos quase disformes caraterizam muitas das obras do pintor.

Edvard Munch, As 4 etapas da vida, 1902

Edvard Munch, As 4 etapas da vida, 1902

 

Outras interpretações das cores utilizadas por Edvard Munch

Em 2017 foi proposta uma teoria de que as cores vermelhas laranja e amarelo, presentes em O Grito seriam a representação de um tipo de nuvem considerado raro, mas que surge de tempos a tempos no norte da Europa: as nuvens estratosféricas polares. Este fenómeno atmosférico teria impressionado o artista ao ponto de o reproduzir nas suas telas.

A teoria foi contestada por outros investigadores uma vez que a obra de Munch estava muito mais ligada à expressão das emoções do que à expressão da realidade.

Certo é que o artista utilizou frequentemente pigmentos de cores intensas como o amarelo de cádmio para expressar emoções nas suas pinturas. O que cria atualmente problemas de conservação como veremos de seguida.

Edvard munch Madonna 1894

Madonna 1894

 

Edvard Munch, Paris Nude 1896

Paris Nude 1896

As questões conservativas na obra de Edvard Munch

O Amarelo de Cádmio (sulfureto de cádmio) foi um dos pigmentos mais utilizados por Edvard Munch. A sua comercialização iniciou na década de 1840 e permitia amarelos brilhantes e intensos. História dos pigmentos na arte curso online

O seu bom poder de cobertura tornou-o rapidamente num dos pigmentos preferidos pelos artistas. Vincent van Gogh, Edvard Munch e Miró integraram esta cor nas suas paletas.

O desafio da conservação

As obras de arte  nas quais se utilizou tinta composta por este pigmento apresentam questões conservativas importantes uma vez que o mesmo tem tendência a desvanecer sendo particularmente sensível à humidade, à luz e a ambientes ácidos.

A exposição das obras de arte ao longo do tempo, embora atualmente com condições ambientais otimizadas, tem conduzido ao desvanecimento de algumas das cores vibrantes e intensas inicialmente pretendidas pelos artistas.

Atualmente é um dos grandes desafios dos conservadores e dos museus a preservação destas obras em condições ótimas e a monitorização sistemática dos processos de degradação.

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