Eros e Psique – uma história digna de um conto de fadas
Nesta história de Eros e Psique vai conhecer:
- Um deus apaixonado.
- Uma mulher curiosa.
- Duas irmãs terríveis.
- Um Vento gentil.
- Uma deusa irritada.
Conheça uma das mais intrincadas histórias da mitologia grega, contada por Rute Ferreira.
Eros e Psique – quem era Psique?
Como todo bom conto de fadas, vamos começar com era uma vez um rei e uma rainha.
Eles tinham três filhas belíssimas, mas a filha mais nova era tão linda, mas tão linda, que pessoas vinham de longe, de toda parte, para render homenagens à sua beleza.
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A beleza de Psique
Ela se chamava Psique, e apesar de ser extremamente bonita, suas irmãs se casaram, mas ela não.
Acontece que a beleza de Psique “assustava” seus pretendentes, que como bons românticos, a viam como uma beldade inatingível, inacessível. Assim, ela continuava solitária.
Mesmo solitária, no entanto, a jovem continuava recebendo honras e homenagens.
O problema é que as homenagens que a jovem princesa recebia só deveriam ser prestadas à deusa Afrodite, que ao saber disso, ficou furiosa.
O castigo de Afrodite
Irritada com a ofensa, Afrodite pediu ao filho, Eros (ou Cupido para os romanos) que visitasse Psique e fizesse com que ela se apaixonasse pelo homem mais sem valor possível.
Eros saiu para cumprir as ordens de sua mãe, entretanto, ao ver a beleza de Psique, ele se apaixonou.
Os pais de Psique já estavam preocupados por não terem conseguido ainda casar a filha mais nova, então, foram consultar o Oráculo de Apolo, para saber onde poderiam encontrar um marido para a filha.
Influenciado por Cupido, o Oráculo respondeu que a jovem precisava se preparar: ela se casaria com um espírito mau, trazido pelos deuses.
E acrescentou: ele iria buscá-la quando ela estivesse sozinha no alto de uma montanha.
O encontro de Eros e Psique
Apesar da tristeza, Oráculos eram Oráculos, e a família da jovem obedeceu. No dia designado, a menina subiu sozinha a montanha e esperou, cheia de medo.
Zéfiro, o gentil Vento Oeste, veio buscá-la. Com muito cuidado, ele a ergueu até chegar em um vale florido, em um palácio magnífico.
Tudo o que ela precisava, sua comida, banho, enfim, foi feito por mãos invisíveis.
E quando escureceu, e Psique foi se deitar, Eros se aproximou dela e a tomou, e de acordo com Apuleio, que conta a versão mais conhecida desse mito, ela se deleitou com o marido desconhecido.
Mais tarde, ainda naquela noite, Eros explicou a Psique que ele não poderia ainda se revelar a ela, e que se ela visse seu rosto, ele fugiria.
Eros e Psique – A inveja das irmãs de Psique
Apesar das noites felizes, Eros sempre ia embora antes que o dia clareasse, deixando Psique solitária o dia todo.
Ela se sentia sozinha, e sentia falta de sua família, então o convenceu a receber a visita de suas irmãs.
Ele concordou, mas pediu que ela não se deixasse levar por suas irmãs: elas poderiam sugerir que Psique deveria ver o rosto do marido. E se a jovem fizesse isso, seria deixada para sempre.
Psique concordou e esperou ansiosa pela visita das irmãs. Elas foram levadas por Zéfiro, o mesmo Vento Oeste que havia levado Psique ao palácio.
A história de Eros e Psique tem um desenvolvimento motivado pela inveja
Ao ver como a irmã estava vivendo, foram tomadas de uma profunda inveja, e combinaram arruinar o que consideravam ser a grande sorte de Psique.
Assim, quando ela admitiu nunca ter visto o rosto do marido, as duas irmãs disseram que o marido só podia ser um monstro, que a devoraria. Era melhor que ela matasse o monstro antes de ser morta.
Eros e Psique – A desconfiança de Psique
Tomada pelo terror, causado por suas irmãs, Psique esperou que Eros dormisse, depois de terem feito amor, e com uma faca em uma mão e uma lamparina na outra, ela se aproximou para ver o rosto do marido.
Imediatamente, Psique reconheceu: ela estava diante do deus do amor.
Curiosa, pegou uma das flechas da aljava de Eros , e ao espetar o dedo, ficou ainda mais apaixonada por ele. Foi nesse momento que uma gota de óleo caiu sobre o ombro de Cupido e ele acordou, assustado.
No instante seguinte, ele se foi, voando para longe, como disse que faria.
Psique procurou Eros por toda a parte, e ao passar pelas cidades onde as irmãs moravam, contou a elas o que havia acontecido.
As irmãs, vendo a oportunidade de seduzir o deus do amor e ter para si o palácio e tudo mais que ele dava a Pisque, correram para a montanha, se atirando para serem levadas por Zéfiro.
Mas Zéfiro não carregou nenhuma delas, como sempre fazia, gentilmente. Em vez disso, as duas se despedaçaram entre as rochas.
Eros e Psique – O encontro de Psique e Afrodite
Depois de vagar por vários lugares em busca de Eros , Psique decidiu apelar às deusas.
Primeiro pediu ajuda a Deméter, depois implorou à própria Hera, mas nenhuma das deusas queria se meter nos assuntos de Afrodite.
A propósito, o motivo porque Cupido não se revelou imediatamente a Psique foi justamente o fato de que ele havia não apenas desobedecido à sua primeira ordem, como ainda tinha engravidado a princesa.
E é certo: a maioria dos deuses evita ter problemas com Afrodite (eu também evitaria).
A deusa resolveu então fazer um acordo com a jovem: ela diria onde Eros estava, desde que Psique cumprisse algumas tarefas.
O problema: as tarefas eram humanamente impossíveis.
Eros e Psique – As tarefas
A primeira tarefa
A primeira tarefa era separar grãos, de diferentes tipos, que estavam todos misturados em um monte.
Afrodite deu a Psique até o cair da noite, mas por mais que se esforçasse, ela nunca terminaria o trabalho a tempo.
Uma formiga que passava viu a jovem, e compadecida, chamou suas companheiras. Juntas, Psique e as formigas terminaram o trabalho.
A segunda tarefa
A segunda tarefa era pegar uma meada de lã de ouro. Até aí tudo bem, podia até parecer fácil.
O problema é que ela devia pegar essa lã de um rebanho de carneiros assassinos.
Dessa vez foi um junco que, vendo o desespero da jovem, disse que ela esperasse até que os carneiros adormecessem, e daí catasse os fiapos de lã que ficavam presos nas roseiras. Deu certo.
A terceira tarefa
No dia seguinte, a terceira tarefa era ainda pior: encher um jarro com água do Rio Estige, um dos rios sagrados na mitologia grega.
Mas não era de qualquer ponto do Estige, tinha de ser de um ponto em que ele caía em cascata do alto de um precipício e que era – veja bem – guardado por dragões ferozes.
Psique já estava consciente de que não sairia dali viva, quando a águia de Zeus passou voando e encheu a jarra.
Psique cumpriu todas as tarefas, então pensamos: agora Eros e Psique podem ficar juntos!
Não, nem assim Afrodite ficou satisfeita. Então ela deu à jovem a tarefa final.
Eros e Psique – A tarefa final
A última tarefa da história de Eros e Psique era fatal.
Psique deveria descer ao submundo, à terra dos mortos, e trazer de lá (segundo Apuleio) o suprimento de um dia de beleza da deusa dos mortos. Dá pra acreditar?
Psique sabia que estava sendo enviada pra morrer, então decidiu que ela mesma faria isso.
Subiu no alto de uma torre, e já estava prestes a se jogar, quando a torre conversou com ela, dizendo como ela poderia fazer para descer ao Hades e voltar viva.
As indicações eram “simples”. Ela devia levar duas moedas e dois pães de centeio molhados em hidromel.
Deveria dar uma moeda a Caronte pela travessia do rio, um dos pães a Cérbero, o cão que protegia a entrada do submundo.
Não deveria aceitar a cadeira nem a comida suntuosa que Perséfone oferecesse.
Depois de receber a caixa, devia dar a Cérbero outro pedaço de pão e pagar outra moeda a Caronte.
E o mais importante: nunca, em hipótese nenhuma, deveria abrir a caixa que Perséfone lhe dera.
Psique cumpriu tudo… Exceto pela última parte.
Mesmo sabendo que não deveria abrir a caixa, Psique não se conteve e abriu, com a intenção de usar um pouco da beleza em si mesma, e dessa forma reconquistar o amor de Eros.
De dentro da caixa, no entanto, saiu um sono fatal, que derrubou Psique como se fosse a própria morte.
Eros e Psique – o final feliz
A história de Eros e Psique acaba por ter um final feliz com a intervenção de Zeus.
Eros, que já estava desesperado de saudades, ao saber do que tinha acontecido voou até sua amada e afastou a nuvem de sono.
Assim que ela acordou, foi logo entregar a caixa à deusa do amor, ao passo que Eros resolveu conversar com Zeus a respeito de seu casamento, para que seu amor não fosse visto como uma desgraça.
Para isso, Zeus transformou Psique em imortal, e ela foi viver no Olimpo.
Para celebrar a união, os outros deuses ofereceram presentes e um grande banquete, e quando o bebê de Eros e Psique nasceu, recebeu o nome de Volúpia, outra palavra de origem grega que nós utilizamos.
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Rute Ferreira
Sou professora de Arte, com formação em Teatro, História da Arte e Museologia. Também sou especialista em Educação à Distância e atuo na educação básica. Escrevo regularmente no blog do Citaliarestauro.com e na Dailyartmagazine.com. Acredito firmemente que a história da arte é a verdadeira história da humanidade.