Neste artigo vamos sistematizar algumas boas práticas para a preservação de imagens sacras que, sendo fáceis de implementar, podem evitar a sua degradação ou destruição.
Imagem de capa: Museu de Arte Sacra da Madeira (Visit madeira)
O acervo artístico religioso é extremamente rico e, muitas vezes, descuidado por falta de informação. Isto é, a boa vontade e o altruísmo de pessoas ligadas à Igreja, paróquia, pode levar a intervenções desadequadas junto do património religioso e das imagens sacras que lhe podem ser nocivas. Sem consciência de um acto danoso para o acervo da instituição religiosa, muitas intervenções acabam por resultar em situações irreversíveis e perda, inevitável, de património não só religioso como também artístico e cultural.
Enumerar uma série de directrizes para a proteção das imagens sacras tendo por objectivo evitar situações de furto, vandalismo e deterioração, podem precaver perdas insubstituíveis por falta de conhecimento.
Algumas medidas para a proteção de imagens sacras
Para um maior cuidado com a limpeza
Não varrer para não levantar pó.
Usar o aspirador.
Usar água quanto baste e produtos de limpeza neutros para limpeza de chãos.
Não usar produtos comuns na limpeza de imagens sacras . Esta tarefa deve ser deixada para funcionários especializados na área ou ser orientada por esses mesmos funcionários.
Usar trinchas macias.
Usar luvas de algodão/látex no manuseamento de peças.
Nunca segurar peças por pontos débeis (cabeça, braços, pés).
Interior de armários, gavetas e arrecadações nunca devem ser esquecidos e periodicamente, devem ser limpos em profundidade.
Para controlo de condições ambientais, infestações e acidentes
Evitar oscilações ambientais.
Evitar o excesso de humidade para não surgirem bolores e fungos que destroem obras de arte de modo lento ou rápido.
Observação minuciosa de temperatura, humidade relativa, índices de poluição, infestação animal (observar a existência de serrim, dejectos, orifícios, casulos, pelos, penas, etc. que indicam a existência de ataques (xilófago, formiga branca, traça, borboleta branca, peixinho da prata, ratos, aves, etc.). No caso de infestação deve proceder-se ao isolamento da(s) peça(s) atingida(s) e recorrer-se ao aconselhamento junto de profissionais da área de conservação e restauro. Pode ser necessário isolar a peça, mas também pode ser preciso desinfestar o edifício na sua totalidade ou uma determinada área do mesmo.
Ventilar armários e locais fechados que acondicionem materiais de valor patrimonial.
Evitar a exposição de imagens sacras aos efeitos nocivos e cumulativos da luz.
Colocar panos crus ou filtros próprios nas janelas ou aberturas, mas que permitam a entrada de luz.
Fechar as peças que não estão ao culto, nem em exposição por forma a protege-las da luz.
Evitar flores e o seu contacto com obras artísticas (foco de infestação animal e humidade).
Evitar velas acesas junto de imagens sacras pois o fumo é nocivo. Representam também um enorme perigo em caso de descuido.
Não usar pregos, clipes, agrafos ou pioneses como recurso para fixar imagens, roupagens, etc., para desta forma evitar-se a oxidação e perfurações desnecessárias e nocivas.
Evitar a todo o custo arrecadações mal organizadas, pouco arejadas e limpas. Só assim é possível colmatar infestações.