Neste artigo conheça a pintura metafisica e os seus princípios.
Imagem de capa – Canto de Amor, de Giorgio de Chirico, 1914 (Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, EUA).
Texto – Yolanda Silva
Autora dos cursos online Pintura das Vanguardas artísticas
«Para que uma obra de arte seja verdadeiramente imortal, tem de sair por completo dos limites do humano, pois a inteligência normal e a lógica prejudicam-na.»
(De Chirico – Carta de 1914)
Giorgio de Chirico e a pintura metafisica
A partir de 1911, o artista italiano Giorgio de Chirico começou a trabalhar numa vertente de pintura ligada ao inconsciente e ao mundo onírico, a que chamou de pintura metafisica .
Metafísica refere-se àquilo que está para além do físico.
Em filosofia, diz respeito ao conhecimento essencial das coisas, à busca daquilo que está para além do mundo real e visível.
Como movimento pictórico, a pintura metafisica enquadra-se habitualmente no intervalo entre 1916 e 1921, embora se encontrem obras posteriores. Foi um movimento originalmente pensado por Chirico e teve a sua expressão máxima, após a desilusão futurista, em 1916, quando os seus fundadores (Chirico, Carrà e Savinio) se encontraram no hospital militar de Ferrara, ainda em plena Primeira Guerra Mundial.
De Chirico – Love Song
De Chirico usou como base para as suas criações a pintura romântica (em especial, a do Simbolista suíço Arnold Böcklin) e os cenários arquitectónicos do classicismo italiano. Por 1916, De Chirico atingiu a sua melhor expressão, usando pontos de fuga acentuados, ambientes mágicos, intemporais e inquietantes.
A associação insólita de objectos em combinações ambíguas e o uso de sombras muito alongadas contribuem, na sua pintura, para a criação de enigmas e inquietudes.
«Todas as coisas têm dois aspectos: o habitual, que quase sempre vemos e que toda a gente vê, e o espiritual, metafísico, que só raros indivíduos são capazes de ver em momentos de clarividência e abstracção metafísica.» (De Chirico – Sull’arte metafísica, 1919, Roma).