O DESTINO CUMPRIDO (1888), de Edward Burne Jones (1833-1898)

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Edward Burne Jones

Burne Jones, pintor simbolista inglês, recebeu a tarefa de decorar a sala de recepções do Lord Balfour, que deixou a temática à escolha do artista. O pintor escolheu então o mito de Perseu. A penúltima tela da série, chamada O Destino Cumprido representa o momento em que o herói ataca e vence o monstro marinho que ameaça a jovem Andrômeda.

Por: Rute Ferreira, autora do e-book Mulheres, Arte e Mitologia Grega – Deusas

Mulheres e Mitologia 1

O Mito de Perseu

Perseu é o mesmo herói que matou a Medusa, usando um truque pra não virar pedra com o olhar do monstro. Logo depois desse feito, ele vê a bela Andrômeda presa a uma rocha, com o monstro marinho por perto. A pintura tem como cenário um fundo rochoso, e o monstro – uma espécie bizarra de serpente – se enrosca no corpo do herói numa tentativa frustrada de ataque. Perseu empunha a espada e o espectador visualiza a morte da besta, adiantada pelo olhar fixo do guerreiro.

O destino cumprido burne jones Nosso olhar é atraído, entretanto, pela moça à esquerda da pintura, Andrômeda. Filha do rei, e parecendo uma estátua de mármore, ela é a imagem do erotismo e do “prêmio” que aguarda o herói, como lembra o historiador Norbert Wolf. Note-se o cuidado de Burne Jones na representação erotizada mas ainda assim aparentemente inocente da princesa.

Esteticamente, ela “resplandece”, sendo o único ponto brilhante num fundo escuro e no meio de uma luta onde prevalece o tom de azul escuro. Numa posição que nos deixa perceber apenas seu rosto de perfil, ela parece se afastar ligeiramente para o lado, mas acompanha atentamente o desenrolar da batalha.

Em breve, Andrômeda deixará de ser a presa do monstro para ser a amante do herói. E ela sabe disso.

O que acontece nesse caso, é que o pintor representou mais o símbolo feminino de sua época do que necessariamente a grega.

O despontar do século XX está ligado a um ideal feminino que combina a inocência pueril com a femme fatale.

 

 

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