Quem foi a artista brasileira Maria Auxiliadora

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Saiba quem foi Maria Auxiliadora, uma mulher negra e artista que tornou o cotidiano sublime através de sua arte.

Entre os artistas que contribuíram imensamente para a história da arte no Brasil apresentamos a pintora Maria Auxiliadora. Continue lendo para saber quem foi Maria Auxiliadora e saber mais sobre sua obra.

Texto: Rute Ferreira - autora do curso de história da arte online certificado História da Arte no Brasil

Quem foi Maria Auxiliadora

Foto de Maria Auxiliadora pintora brasileira

Maria Auxiliadora da Silva nasceu em 1935, em Monte Belo, interior de Minas Gerais. De origem humilde, a artista vem de uma família de dezoito irmãos, alguns também artistas. Ainda na infância da pintora, a família de Maria se mudou para São Paulo e ela deixou os estudos muito cedo, para ajudar a família no sustento da casa, atuando como empregada doméstica e mais tarde como bordadeira em uma fábrica do Brás, em São Paulo.

 

Obra de Maria Auxiliadora da Silva, ‘Iemanjá segurando os seios’, 1974, coleção Irapoan

Maria Auxiliadora da Silva, ‘Iemanjá segurando os seios’, 1974, coleção Irapoan

Em 1972, quando estava então com 37 anos de idade, Maria retomou os estudos no Centro de Alfabetização de Adultos Beato Marcelino Champagnat, organizado pela Associação de Pais e Mestres do Colégio Arquidiocesano de São Paulo. Esse ambiente, como outros de seu cotidiano, é representado no trabalho da artista.

Cinco anos antes de voltar a estudar, Maria já havia decidido se dedicar integralmente à pintura, mas a carreira artística dela começou ainda mais cedo. Sem a chance de estudar formalmente em uma escola de arte, começou a estudar sozinha ou com a ajuda da família. A mãe ensinou a menina Maria a bordar, aos 9 anos de idade. Aos 14, ela começou a desenhar com carvão e lápis de cor, experimentado em seguida o guache e a tinta a óleo. Utilizando diferentes materiais, Maria foi aperfeiçoando sua técnica.

 

Obra de Maria Auxiliadora da Silva, ‘Sem título [Oxum]’, 1972, coleção Marcio Gobbi, São Paulo

Maria Auxiliadora da Silva, ‘Sem título [Oxum]’, 1972, coleção Marcio Gobbi, São Paulo

A Carreira de Maria Auxiliadora

Maria Auxiliadora fez parte do grupo do artista Solano Trindade, em 1968, e participou de ações culturais em Embu das Artes, onde havia um centro de artesanato voltado para a cultura afro-brasileira. A pintora passou a participar de diversos Salões e eventos, recebendo seu primeiro prêmio no V Salão de Artes Plásticas do Embu das Artes.

É nos anos 1970 que sua vida tem uma completa reviravolta, quando Maria conhece Werner Arnhold e Mário Schenberg, marchand e crítico de arte, respectivamente. Esses contatos apresentam Maria ao cônsul dos Estados Unidos, Alan Fisher, que no ano seguinte organiza uma exposição da artista na Biblioteca do Consulado Americano em São Paulo.

O marchand Werner Arnhold ajudou a construir o renome internacional da artista levando seus quadros para a Europa, e em 1971, o diretor do Musée d’art Naïf de Laval, na França, Pierre Bouvet adquire para o museu obras da artista.

Infelizmente, Maria não viu o reconhecimento que sua obra teria, pois faleceu no dia 20 de agosto de 1974, depois de travar uma batalha contra o câncer, que se estendia desde 1972. As cenas relacionadas à doença, assim como todo seu universo cotidiano, também foram registradas por ela.

As obras de Maria Auxiliadora

A obra de Maria Auxiliadora é única, singular, no sentido técnico e estético.

 

Obra de Maria Auxiliadora da Silva, ‘Sem título [Oxóssi]’, 1973, coleção Marcelo Lordello, São Paulo

Maria Auxiliadora da Silva, ‘Sem título [Oxóssi]’, 1973, coleção Marcelo Lordello, São Paulo

 

A sua formação autodidata faz com que a artista invente “um outro modo de pintura, longe dos preceitos acadêmicos e modernistas”. Tecnicamente, Maria fazia uma mistura envolvendo tinta a óleo massa plástica e até mechas de seu próprio cabelo, criando composições únicas.

 

Obra de Maria Auxiliadora da Silva, ‘Sem título [Ogum]’, 1973, coleção Irapoan Cavalcanti, Rio de Janeiro

 

Na exposição de 2018, realizada no MASP, o museu aponta que a obra de Maria pode ser dividida em núcleos, ligadas aos temas de interesse da pintora e aquilo que ela representou: o núcleo Candomblé, o núcleo Autorretratos, Casais, Urbano e Interiores.

Em cada um deles, a artista tem seu foco no comum, no cotidiano, no singelo.

 

Obra de Maria Auxiliadora da Silva, ‘Três mulheres’, 1972, acervo MASP, doação, Paulo Bilezikjian, 2016.

Maria Auxiliadora da Silva, ‘Três mulheres’, 1972, acervo MASP, doação, Paulo Bilezikjian, 2016.

 

Após um longo período de esquecimento (a última grande exposição individual de Maria Auxiliadora aconteceu em 1981, no MASP), esta mostra tem o objetivo de renovar o interesse por esta artista brasileira fundamental, para além das preconceituosas, paternalistas e redutoras categorias de “arte naïf” ou “primitiva”. Seu trabalho propõe uma resposta à questão crucial para qualquer museu que deseje efetivamente dialogar e ser relevante para o contexto em que se encontra inserido: de que modo a arte pode representar outras culturas, que não a das classes dominantes?

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