Restauro de azulejos – Fonte do cano, Vinhais, Portugal
A particularidade deste trabalho de restauro de azulejos residiu no próprio enquadramento dos painéis pois situam-se no exterior, integrados numa fonte e logo com uma acrescida presença de humidades.
Deve-se ainda salientar que a zona onde se situa a fonte (Trás-os-Montes, Portugal) tem condições climatéricas particulares: neve e gelo no Inverno e muito calor no Verão.
Descrição
Fonte barroca cujo “espaldar” e tanque remontam ao Sec. XVIII. Apresenta estrutura pétrea em granito, com brasão constituído por um Escudo Real com cinco escudetes dispostos em cruz.
As paredes laterais encontram-se cobertas com painéis de azulejos do início do Sec. XX (anos 30). De fabrico nacional, pertencerão provavelmente à Fábrica de Sant’Anna, de acordo com inscrição. No painel do lado direito, surge a representação do Pelourinho da Vila e, já no painel do lado esquerdo é representada a extinta Capela da Misericórdia. Em vários matizes de azul ambas as representações apresentam uma moldura total, formada por folhas de acanto e assente num pedestal decorado em cornucópias e igualmente folhas de acanto.
Estado de conservação
Sujidades várias — Acumulação de poeiras, vestígios de tintas, diversos tipo de adesivos, restos de argamassas sobre a superfície, com especial incidência na área inferior de ambos os painéis, (Vd Mapa de patologias). Este tipo de sujidades, não causando, normalmente degradação nos materiais cerâmicos, provocam no entanto um efeito inestético contribuindo para uma quebra na leitura do painéis.
Presença de fracturas e fissuras –Ocorrem devido a movimentações da própria estrutura, pelo assentamento com argamassas de resistência mecânica elevada, por força de impacto (pela acção antrópica voluntária ou involuntária) ou ainda pela libertação de tensões acumuladas durante o processo de fabrico.
Lacunas de vidrado –. Esta patologia deve-se ao facto de este conjunto azulejar se encontrar exposto a diferentes amplitudes térmicas, ao próprio desgaste natural dos materiais intervenientes e à acção de inúmeras tensões sobre o suporte cerâmico.
Desagregação da chacota – Alteração por perda de coesão da própria chacota. Este tipo de patologia apresenta um aspecto pulverulento (arenização) ou então um aspecto laminado (exfoliação), podendo afectar uma grande parte da espessura da pasta.
Biodegradação – Verifica-se a presença de fungos, provocados sobretudo pela forte presença de humidade, em várias áreas onde existe perda de coesão da chacota ou mesmo a sua perda total.