Neste artigo iremos ver o que é epigrafia e porque esta ciência é tão importante na investigação histórica.
Iremos responder à questões:
- o que é epigrafia
- que intenções nortearam a produção destes documentos inscritos em suportes duradouros
- o que é epigrafia enquanto ciência que estuda uma fonte histórica tão importante
o que é epigrafia
A Epigrafia, enquanto Ciência, debruça-se sobre o estudo de documentos inscritos sobre suportes duradouros (pedra, metal, cerâmica, madeira).
Com uma intenção claramente definida de tornar pública uma determinada mensagem.
Homenagear um ou vários indivíduos, divulgar um dado acontecimento ou, tão-somente, prestar uma informação, por exemplo de cariz económico.
Estes são exemplos das intenções que nortearam a produção destes documentos, à primeira vista encriptados e que explicam o que é epigrafia enquanto definição.
Mas para além das intenções por detrás dos documentos epigráficos para explicar o que é epigrafia devemos pensar nos seus objetivos mais globais.
qual o objetivo dos documentos epigráficos
Comunicar no espaço e no tempo era o grande objetivo da prática de inscrever textos em suportes duradouros.
Estes textos materializaram indelevelmente, no caso da Epigrafia Latina, um dos legados mais difundidos pelos romanos no seu processo de expansão territorial e aculturação nos territórios europeus, africanos e asiáticos – o latim como língua oficial e global.
comunicar no espaço
Comunicar no espaço porque a mensagem se transmitia ao coletivo, ao público.
A epígrafe permitia assim acrescentar a própria voz e estória do encomendante à História coletiva romana.
No entanto, como referimos, os textos destes monumentos apresentam um certo grau de decifração, o que pode parecer paradoxal perante a intenção de comunicar unidireccionalmente com a audiência.
o que é epigrafia – os epigramas
De facto, muitas vezes por questões de economia de espaço e esforço no ato de gravação, os textos foram reduzidos a epigramas.
Isto é, eram marcados por siglas e abreviaturas cujos significados, por serem do conhecimento geral, não impediam a leitura das mensagens pelos viandantes, desde que conhecedores da língua latina.
Por todo o Império, o “hábito epigráfico”, ou seja, o impulso cultural de produzir tituli ou inscrições, denunciava o grau de aculturação, de sentido de pertença das comunidades provinciais à cultura romana.
A riqueza e densidade destas comunidades, o vigor económico e político, espelhava-se proporcionalmente nas paisagens epigráficas – nos contextos funerários, nos monumentos e marcos de homenagem – dos territórios europeus, africanos e asiáticos dominados por Roma.
o que é epigrafia – comunicar no tempo
A intenção de comunicar no tempo era manifesta, pela eleição de um suporte duradouro para gravação do texto, que ficasse para a posteridade, para ser lido pelas gerações vindouras, de forma a perpetuar a memória de um indivíduo ou de um acontecimento.
A diversidade de inscrições romanas que, na atualidade, ainda persistem permite aos investigadores um manancial de informações que abrange sectores tão díspares como as relações sociais, a economia, a religião e a política romanas.
Estes pedaços de História, originais, inscritos com certo grau de decifração, aspeto que lhes confere um fascínio acrescido, revelam-se fulcrais como complemento à análise da sociedade romana veiculada pela literatura clássica, cujas cópias se produziram aos longos dos séculos.
o que é epigrafia | as “pedras que falam”
De entre a panóplia de monumentos epigráficos, as “pedras que falam”, nas palavras do Professor José D’Encarnação, ou os documentos sobre suporte pétreo são os que mais denotam o poder da comunicação escrita na Antiguidade Clássica.
Funcionavam como veículo de informação, propaganda e homenagem numa sociedade que, pela sua dispersão geográfica era pautada pela multiculturalidade, mas fortemente hierarquizada e estratificada.
Programa do curso Introdução à Epigrafia Latina
I – INTRODUÇÃO À CIÊNCIA EPIGRÁFICA LATINA
O que é epigrafia
Língua latina
Expansão do latim
Latim depois do império romano do ocidente
II – EPIGRAFIA NA ATUALIDADE DA DECIFRAÇÃO À INTERPRETAÇÃO E DIFUSÃO
Primeiros passos da EPIGRAFIA LATINA
EPIGRAFIA LATINA como ciência
Epigrafia latina no último quartel do século XX
Epigrafia Latina no dealbar do século XXI
Epigrafia na era digital
Futuro da epigrafia latina
III – VERBA VOLANT SCRIPTA MANENT – PRESERVAÇÃO DA MEMÓRIA ATRAVÉS DA ESCRITA
Nome latino
Cursus honorum ou carreira de honras
Estatuto social
IV – A ANÁLISE DA EPÍGRAFE
Alfabeto epigráfico
Tipos de inscrições
Inscrições votivas
Inscrições fúnebres ou funerárias
Inscrições honoríficas
Inscrições monumentais
Miliários
Epigrafia jurídica
Casos especiais
V – DA TEORIA À PRÁTICA – ESTUDAR UMA INSCRIÇÃO
Editar UMA INSCRIÇÃO
Casos práticos
Recursos Pedagógicos
- Lições
- Conteúdos descarregáveis
- Glossário da Epigrafia latina
- Latim – Síntese gramatical
- Tabelas e quadros de nomes e designações
- Tabelas e quadros de componentes das inscrições
- Tabelas e quadros de abreviaturas
- Textos de apoio
- Fichas epigráficas
- Ligações para bases de dados e sites
- Questionário de avaliação
- Certificado DGERT
Curso online de epigrafia latina
Neste curso vai adquirir um conjunto de ferramentas para a compreensão e interpretação das mensagens que, na Antiguidade Clássica, os romanos insculpiram em materiais duros para que resistissem à passagem do tempo.
Patrícia Machado
Licenciada em Arqueologia Exerceu funções enquanto arqueóloga em diversos trabalhos arqueológicos na região Norte de Portugal. Possui Certificado de Competências Pedagógicas desde 2016. Coordenadora do Centro Interpretativo de Tresminas e responsável pela dinamização do Complexo Mineiro Romano de Tresminas. Colabora com o Município de Vila Pouca de Aguiar no desenvolvimento da Candidatura do Complexo Mineiro Romano de Tresminas a Património da Humanidade.