O estilo gótico nasce a partir do Românico, após contínuos aperfeiçoamentos técnicos e estéticos, em plena Idade Média nos finais do século XII em França, mais concretamente na Île de France, nas imediações de Paris, desenvolvendo-se essencialmente entre o século XIII e XV na Europa Ocidental.
Mas o que inspirou a construção de catedrais góticas cada vez mais altas? O que moveu os construtores a encontrar soluções técnicas cada vez mais arrojadas?
Que contextos enquadraram o surgimento do estilo gótico e o seu desenvolvimento por toda a Europa medieval?
Contexto histórico do estilo gótico
O período ficou marcado pela peste negra, que chegou à Europa através dos navios genoveses, e que vitimou um terço da população europeia de 1347 a 1451 (entre 25 a 75 milhões de pessoas).
A precaridade das condições higiénicas das cidades facilitou a disseminação da peste.
Conta-se que em Londres eram enterrados por dia 200 corpos e, sabe-se que em Florença esta catástrofe causou a morte a 60 por cento dos seus 100.000 habitantes neste período.
Esta epidemia alterou o quotidiano semeando o terror, paralisando o comércio e a produção, por falta de mão-de-obra no campo, causando uma onda de fome e dando origem a crises monetárias que instalaram a depressão económica.
À fome juntava-se a guerra, a falta de condições higiénicas e de qualidade de vida, que foram as causas da elevada taxa de mortalidade que atingiu sobretudo recém-nascidos e crianças.
O medo da morte rondava todos, modificando a mentalidade e o comportamento medieval. A insegurança e a instabilidade originaram revoltas populares que causaram o pânico e a violência.
Provocou o recurso exagerado à religião e à fé a uns, como última esperança, e a outros, o descrédito e ainda a entrega aos prazeres, cultivando a ociosidade e vadiagem.
Causaram igualmente o abandono dos doentes pelas ruas, a fuga em massa das cidades e o anúncio do fim do mundo.
A arquitetura medieval surgiu neste meio como inspiradora, elevando a crença da população, num quotidiano ameaçador.
As Catedrais góticas
O edifício considerado como a expressão mais pura do estilo gótico é a catedral, símbolo da crença, da cidade e da sua própria identidade, constituindo o orgulho e o entusiasmo religioso dos habitantes dos burgos.
Estes participavam ativamente na sua construção com o seu trabalho ou com doações que se arrastavam ao longo de gerações.
Fachada principal de Notre Dame, o monumento mais visitado de Paris
A acentuada verticalidade destes “arranha-céus de Deus” (Le Corbusier) refletia a rivalidade intensa da época entre as cidades medievais disputadas na arrojada altura das suas torres, originando frequentemente os seus desabamentos num desafio à gravidade.
A catedral de Notre-Dame de Paris atingiu 30 metros de altura, a de Amiens 40 e em Beauvais, para não ficarem atrás, erigiram uma de 50 metros. Nesta última o desejo de ultrapassar cidades rivais foi tal que o edifício se desmoronou parcialmente.
As 3 principais caraterísticas da arquitetura gótica
As 3 principais caraterísticas do estilo gótico na arquitetura são:
Verticalidade
No gótico, tudo enfatiza a verticalidade. Longas colunas e arcos alongados atraem os olhos para as abóbadas altas.
A arquitetura é projetada para nos levar a olhar para cima, e isso enfatiza ainda mais sua altura. Por outro lado, os arcos largos e as colunas largas do românico enfatizavam características horizontais.
Luminosidade
As igrejas góticas têm janelas grandes e abundantes, de belos vitrais. O vidro colorido não deixa entrar muita luz, mas enche a igreja de cores brilhantes.
Leveza
Ao contrário do românico, sólido e terrestre, a arquitetura gótica parece ser leve como uma pena.
As abóbadas dão uma sensação mágica, apenas com vitrais e colunas finas em baixo. Em algumas catedrais góticas parece que há mais vidro que pedra.