Guggenheim Bilbao | Porque vamos ao museu?

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Em pleno centro de Bilbau, no país Basco, o Museu Guggenheim Bilbao foi inaugurado em 1997 e tornou-se ele próprio numa obra de arte da arquitetura do século XX.

Este edifício, de Frank Gehry, veio mudar não só a arquitetura contemporânea mas também o próprio conceito de museu.

No primeiro ano da sua existência, as verbas do turismo superaram quatro vezes o valor do edifício e, em menos de um ano, atraiu mais de 1.300.000 pessoas, mais turistas que o museu do Prado (o primeiro museu de arte em Espanha).

Um estudo revelou que 80% dos visitantes admitiram que foram ao museu mais pelo edifício do que propriamente pela sua coleção.

Diana Ferreira, autora dos nossos Guias de Tesouros Arquitetónicos dá-nos a conhecer o Museu Guggenheim Bilbao

A Fundação Guggenheim

Trata-se de uma das instituições mais importantes de arte moderna e contemporânea fundada em 1937 – a prestigiada Solomon Robert Guggenheim Foundation – dirigida por Thomas Krens.

Esta conta, para além do museu em Bilbau da autoria de Frank O. Gehry, também com a “Coleção Peggy Guggenheim” em Veneza. Peggy foi sobrinha do colecionador de arte moderna Solomon e filha de uma das vítimas Coleção Peggy Guggenheim” em Veneza webdo Titanic, da qual herdou uma fortuna considerável e se mudou para Paris, onde aprendeu a entender a arte moderna e formou uma coleção própria. Esta foi cedida à fundação em 1976.

Solomon R. Guggenheim MuseumwebFaz parte também o “Deutsche Guggenheim” de Berlim e o “Museu Solomon R. Guggenheim” em Nova Iorque. Este último foi o primeiro da fundação, inaugurado em 1959 e desenhado pelo famoso Frank Lloyd Wright, que concebeu um edifício branco em espiral.

Guggenheim Abu Dhabi webEm Abu Dhabi, o autor do edifício do Guggenheim Bilbao está a construir outro museu que será o maior de todos.

O Projeto Guggenheim Bilbao

O desenho vencedor assemelha-se mais a uma gigante obra escultórica de arte abstrata, um exemplar da arquitetura vanguardista do século XX, que representa uma faceta mais arrojada e de entretenimento, conferindo ao edifício uma aparência inconfundível.

Foi comparado a uma baleia, a uma embarcação futurista atracada à costa e a uma rosa com pétalas de titânio. Seja qual for a alusão que o nosso cérebro faça, é indiscutível que se trata de formas inovadoras num dos mais espetaculares feitos da arquitetura do século passado.

Após a sua construção, que durou quatro anos (1993-1997) e que foi fortemente marcada por duras críticas e polémicas, o museu abriu as suas portas a um público que chegou à capital basca numa afluência muito maior que a esperada.

As pessoas viajavam para ver o edifício, tal como peregrinos às catedrais e basílicas. Foi o responsável pela transformação da economia local e a prova que a cultura é um fator de desenvolvimento económico e de promoção do turismo.

Aproximadamente um milhão de pessoas visitam a instituição anualmente, dos quais dois em cada três, são estrangeiros e oito em cada dez não provêm da Comunidade Autónoma Basca. Estes números são os responsáveis pelo auto-financiamento de cerca de 70%, contando com apenas 30% de ajudas públicas, valores invejáveis para este tipo de instituições sem fins lucrativos.

Os materiais e construção

A estrutura do Guggenheim Bilbao com mais 50 metros de altura, perto da ria, não ultrapassa as construções circundantes e é atravessada num dos seus extremos pela colossal ponte La Salve, junto às docas no centro de Bilbau.

É constituída por vários volumes curvos retorcidos e entrelaçados ao acaso, revestidos com 33.000 placas de titânio com uma espessura de meio milímetro, como se tratasse de uma pele metálica, ou escamas de peixe que combinam com o calcário e as cortinas de vidro do edifício.

guggenheim bilbau

O metal garante a duração de cem anos e chama muito a atenção, apesar de ser texturado de forma a não refletir demasiado a luz.

O calcário utilizado veio de Granada e foi escolhido pela sua cor e textura, e o vidro, por sua vez, dota o edifício de transparência, ilumina as salas de exposição, protegendo-as simultaneamente do calor e da radiação.

A  forma animada, escultural e fora do convencional do Guggenheim Bilbao , que desperta a curiosidade do observador, foi minuciosamente calculada por computador pelo programa CATIA (computer aided three-dimensional interactive application) desenvolvido pela Dassault Aviation em França, para a construção da indústria de aeronáutica. Um desafio que não teria sido possível sem a ajuda do computador e o talento e experiência de Gehry e da sua equipa.

As coleções

Da vasta coleção dos museus há normalmente pelo menos uma peça que se torna mais conhecida, que se destaca e da qual se orgulham tornando-se a imagem de marca da instituição.

Neste caso foi o próprio edifício que se tornou o seu símbolo e o motivo das visitas e viagens dos turistas.

Podemos no entanto destacar no Guggenheim Bilbao alguns artistas do expressionismo abstrato: Willem de Kooning, Mark Rothko, Clyfford Still.

Yves Klein “Large Blue Anthropometry” 1960Ainda, Yves Klein com a sua “Large Blue Anthropometry”, que se distinguem da coleção própria que supera as 100 obras entre mais de 60 artistas.

Louise Bourgeois mamãNo seu extenso espaço exterior, que nos convida a passear livremente, é possível admirar obras como “Mamã”, uma aranha gigante em bronze da escultora francesa Louise Bourgeois, com quase 10 metros de altura.

Jeff Koons Puppy 1992As sete “Tulipas” de aço colorido e o famoso “Puppy”, ambas do artista americano Jeff Koons.

O último trata-se de um west highland terrier com cerca de 12 metros de altura, que recebe o visitante e que se converteu na mascote do museu. Feito de 40 mil flores naturais mudadas duas vezes por ano, em 6.500 quilos de terra e uma estrutura em aço.

Do lado da ria, está ainda a “Fonte de fogo” de Yves Klein, “A Árvore Alta e o Olho” da indiana Anish Kapoor, realizada em aço, e o “Nevoeiro” da japonesa Fujiko Nakaya, a primeira artista a trabalhar com o vapor.

Estas obras contemporâneas exteriores, assim como as formas orgânicas e livres do edifício, típicas do seu arquiteto e do desconstrutivismo, convidam as pessoas a entrar e desfrutarem de um espaço e coleção inovadores, projetando-as para uma nova era num local bastante premiado, onde a arte e a arquitetura finalmente se encontram harmoniosamente e que mudou para sempre a imagem dos museus.


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