O jardim inglês ou jardim paisagístico: uma nova forma de olhar a Natureza

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O jardim inglês , também chamado jardim paisagístico inglês, foi um estilo de jardim que emergiu na Inglaterra no início do século XVIII e que se espalhou pela Europa, substituindo o jardin à la française.

Este novo estilo de jardim foi fortemente influenciado pela literatura e filosofia.

jardim inglês | a influência da pintura

O design do novo jardim inspirou-se nas pinturas com representações de paisagens de Claude Lorrain (1600-1682) e Nicolas Poussin (ca.1594-1665). Estes desenvolveram nos ingleses o interesse pelas paisagens campestres, encorajando toda uma nova forma de olhar para a natureza, ao mesmo tempo que convidava à sua exploração.

Claude Lorrain Apolo e as Musas

Claude Lorrain Apolo e as Musas no Monte Helion, 1680

jardim inglês | a influência das viagens

As imagens e descrições, realizadas por viajantes europeus e missionários, dos jardins do velho império chinês, que tinham como característica básica a irregularidade, a falta de simetria dos caminhos e a não utilização de topiária, também tiveram influência no jardim inglês.

jardim inglês | o romantismo

Para além destas contribuições para o desenvolvimento do novo estilo, o século XVIII ficou marcado pelo movimento romântico. Interpretação de obras primas 2

Este valorizava os sentimentos, a subjetividade, a emoção, a espontaneidade, a expressão individual e a procura por ressaltar a beleza da natureza e a paisagem natural.

A ideia de que o belo se encontrava no natural e livre e não no artificial e forçado dos parterres franceses, contribuiu para o nascimento do novo estilo de jardim.

o jardim inglês | o conceito

Desenvolveu-se assim uma proposta de criação de uma paisagem inglesa ideal, na qual, se procurou recriar a paisagem natural através de uma reação harmoniosa entre esta e os elementos construídos.

Surgindo um conceito diferente em relação à natureza, no qual o Homem não se impunha, mas sim procurava harmonizar-se com a natureza e admirá-la.

O jardim Inglês surgiu assim como uma revolução e uma oposição contra os padrões rígidos, simetria e riqueza de detalhes do estilo barroco e renascentista.

Proclamou-se acima de tudo a paisagem e a recusa da simetria, cujo objectivo não era mais controlar a natureza, mas sim Estilos arquitetónicos curso online aproveitá-la.

o jardim inglês | a estrutura

O jardim paisagístico inglês estava centrado na casa de campo, o qual era projetado, não para ser admirado a partir da residência, mas sim, para ser percorrido.

Por ter uma orientação assimétrica o jardim inglês permitia a sensação de descoberta, mistério e surpresa.

Os percursos do jardim deveriam surpreender o caminhante, levando-o à fruição da paisagem como se fosse uma sucessão de quadros, que se vão descobrindo durante uma caminhada.

Estes cenários eram criados e ordenados em torno de um ponto de vista específico, destacando um elemento importante que podia ser um lago, um templo ou uma árvore.

Stourhead Garden jardim inglês

Detalhe de Stourhead Garden, Inglaterra

Pode conhecer os jardins Stourhead nesta ligação.

o jardim inglês | a arquitetura

Os elementos arquitetónicos presentes neste tipo de jardim têm uma relação com a antiguidade clássica, mas não só.

Encontramos templos, pontes, túmulos, obeliscos, ruínas, capelas góticas.

E também formas mais exóticas como os pagodes, quiosques e pavilhões chineses que caracterizaram o estilo anglo-chinês.

Stowe Garden jardim inglês

Stowe Garden, Hawkwell Field, with Gothic Temple, Cobham Monument & Palladian Bridge

Pode conhecer os Jardins de Stowe nesta ligação

As pontes tornaram-se o elemento arquitetónico mais comum nestes jardins, mais decorativas do que úteis.

Além de não serem um elemento cuja construção fosse tão dispendiosa, ainda constituíam um ótimo ponto de vista no jardim e também foram muito utilizadas para delimitar o jardim e a paisagem natural.

jardim inglês | a “natureza sublime”

Destacava-se ainda no paisagismo inglês o que se denominava “natureza sublime”, cenários com características selvagens, com penhascos, cascatas e implantação de árvores mortas que eram colocadas próximo aos elementos arquitetónicos.

Todos estes elementos assim tratados deviam de dar a sensação de andar por um bosque antigo e natural, com pouca ou nenhuma intervenção do Homem.

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Bárbara de Castro Ferreira

Licenciada em Conservação e Restauro. Curso de Fotografia de Longa Duração, pelo IADE-Instituto de Artes Visuais, Design e Marketing. Técnica de Gestão e Recuperação de Jardins Históricos e Espaços Verdes. Trabalho na recuperação e manutenção de jardins históricos. Vários prémios e exposições em Fotografia com trabalhos editados.

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